Pitchfork Music Festival Paris 2015

Grande Halle de la Villette

Este festival tão aguardado por mim chegou no dia 30 de outubro. Meses antes de acontecer, eu já tinha comprado o ingresso ainda no Brasil uns dias depois da anunciação de Bjork como atração principal deste dia. Na dúvida entre comprar ou não o ingresso naquele momento; decidi garanti-lo. Mas o que não poderia nunca esperar acontecer simplesmente aconteceu: ela cancelou tudo faltando apenas 4 shows para que ela terminasse a Vulnicura Tour e o Pitchfork era um deles!

Apesar da decepção e também revolta – já que este show me significaria muito porque musicalmente ela tem um enorme espaço no meu ano – optei por não pedir reembolso e esperar por alguma esperança dela reagendar a turnê ou até mesmo mudar de ideia (ok, isto nunca aconteceria). Felizmente, colocaram alguém que é considerado a alma gêmea musical* dela e também é alguém que eu gosto muito: Thom Yorke! Não poderia ser melhor! Com certeza foi uma substituição à altura!

No final de outubro, Paris me aguardava e cheguei até esta através do famoso ônibus de viagens low-cost – “baixo custo” – chamado Megabus. Foram mais ou menos 11h20min de viagem; saí de Turim no dia 29 de outubro, às 18h40min e cheguei no dia seguinte às 6h20min na estação de Bercy (contei com a ajuda da Rebeca, que também é uma intercambista daqui e estava no mesmo ônibus, para que eu pudesse pegar o metrô. Um grande obrigado!). Depois disto, desci na estação Pyrénées para me encontrar com o meu grande amigo Guto e enfim conhecer a cidade antes de irmos ao show; mas ficarão para uma próxima postagem sobre os pontos turísticos!



 
Fiquei hospedado por apenas uma noite no hostel St. Christopher’s Inn Canal e fica literalmente ao lado do canal de St. Martin. Uma visão mais do que bela! A localização – apesar de não ser no centro – é próxima aos arredores de Montmartre; das estações de metrô Crimée e Gare du Nord e é uma ótima escolha para conhecer um lado menos apertadamente turístico de Paris. Não tive do que reclamar sobre a estadia e sobre os serviços oferecidos porque eram de qualidade (Wi-Fi e café da manhã já inclusos) e todos os funcionários com os quais tive contato foram muito educados e prestativos; inclusive a recepcionista era brasileira e vive em Paris há uns 7 anos!

 A localização do festival era pertíssima de onde eu estava e este foi um dos motivos pelos quais eu escolhi ficar no St. Christopher’s. O Pitchfork Festival aconteceu no Grande Halle de la Villette*, localizado no Parc de la Villette*. Ambos são um grande local de atrações culturais, esportivas e sociais em um canto não muito visado pelos turistas. Caminhei durante a noite pelo canal e cheguei ao Grande Halle em uns 15 minutos.

A programação do dia 30 contava com artistas como Dornik; Rome Fortune; Health, Rhye; Kurt Vile & The Violators; Battles; Thom Yorke e por fim Four Tet. Quando cheguei por lá; por volta das 19h20min, a dupla canadense Rhye (composta por Mike Milosh e Robin Hannibal) estava tocando e são uma mistura de soul, R&B alternativo e groovy eletrônico de um modo melodicamente romântico! A dupla possui uma vibe um tanto tranquila; mas também passa por uma certa influência de “baladinhas” dos anos 80.



A apresentação de Thom Yorke foi apenas às 21h50min. Enquanto isto, eu, Guto e também os outros três amigos fomos conhecer melhor os entornos do festival. Para comprar comida e bebidas, era preciso comprar aquelas moedinhas típicas de eventos deste tipo. Apesar disto parecer levar um grande tempo de espera, tudo foi muito rápido e recebemos um bom serviço! Além disto, havia ambientes com poltronas para se sentar e também um quiosque com roupas, vinis, CDs e afins. Infelizmente eu não assisti muito dos outros dois shows seguintes – dos quais foram Kurt Vile & The Violators (às 20h00) e Battles (às 20h55) – porque o Grande Halle estava composto por 2 palcos de que os artistas tocavam se intercambiavam (para poder dar tempo de cada banda se organizar) e decidimos esperar naquele onde o Thom Yorke tocaria. Mesmo assim já tinha gente sentada ao chão; o que foi um tanto irritante, para que pudessem pegar aquela grade! O que me chamou a atenção no Battles foi o uso de ritmos tribais mesclados com uma voz um tanto “alienígena” e com a composição musical complexa – classificada muitas vezes como “Math Rock* – por usar dissonâncias, métricas incomuns e também ter influência de rock progressivo.



 
 Em pouco tempo o show estaria para começar e com isto estavam finalizando a montagem dos itens do palco. As configurações de tela e o número de contagem de cada telona aos poucos se tornavam projeções da marca do projeto Tomorrow’s Modern Boxes para aumentar ainda mais a ansiedade. Não fiquei longe do palco, mas a minha vontade era de ficar ainda mais perto! O ambiente possuía uma mescla entre empolgação, curiosidade e seriedade porque o público em sua maioria não era assim mais tão teen. Mas quem liga?! O ambiente estava mais do que agradável e totalmente propício para contemplações artísticas!

Por Vincent Arbelet


Eis que pontualmente o tão esperado Thom Yorke apareceu! Entre a euforia e os aplausos do público, ele subia ao palco serenamente. As projeções baseadas em linhas coloridas – feitas pelo artista Tarrik Barri – começavam lentamente a se adaptar às batidas; à voz suave e ao escuro para que tudo ficasse harmonicamente e introspectivamente etéreo enquanto o show começava com "The Clock", do álbum "The Eraser (2006)". O vocal trazia um grande envolvimento, muitas vezes nos trazendo fascínio; em outras, melancolia (mas nada distante daquilo que ele sempre propôs em seus projetos) e seu final ecoavam sons de pássaros unidos às vozes computadorizadas que me lembravam um tanto daquelas de “Fitter Happier”.


A música seguinte foi “A Brain in a Bottle” e é a primeira faixa do TMD. Os “pássaros” ainda continuavam a ambientar a atmosfera assim que os primeiros acordes de guitarra aos poucos apareciam; o que deixava o single ainda mais atraente por ter este detalhe a mais em relação àquele do estúdio. É uma das poucas e mais dançantes se baseando – de certo modo – em um desafio a Deus para que tenha uma conversa sem recuos; o que a faz ser docemente intrigante e envolvente! “Come out fighting back (in the dark)” (“Saia contra-atacando (no escuro)”) – Yorke relata sobre o quão difícil é lutar no escuro e contra algo desconhecido mas que ele consegue revidar.

Em “Guess Again” é curioso de se analisar como alterna entre a breve e tímida esperança do início, a dramaticidade das batidas e o temor encontrado em sua letra porque esta fala sobre todas os pesadelos e criaturas que – metaforicamente ou não – podem lhe encarar e também chutar a sua porta! Toda a inseguranças estão ali fora, no seu jardim, estão ao redor e “adivinha quem é?” que está tentando entrar na sua mente? Elas mesmas!


Das variações de frequência e relações líricas sobre a falta de piedade em um amor que está escoando das suas mãos aparece “Truth Ray” – uma calma canção apesar do conteúdo ser dolorosamente sobre a perda de tudo e remorsos internos. Também do álbum TMD foram tocadas “Pink Section” e “Nose Grows Some”.


 
As expressões dos expectadores ainda eram mansamente curiosas e admiradas sobre o que ainda poderia vir. Quando o show parecia ter acabado, todos vibraram com grande fervor – entre gritos, aplausos e encantamento – para agradecer a Thom Yorke pelo ótimo concerto e isto durou por mais de 5 minutos; também, se escutavam exclamações e trocadilhos como “Björk!” ou “Thom Björk!” – afinal poderia (ainda que mínima) existir a esperança dela aparecer. Ele finalmente volta com “Default” (do projeto Atoms for Peace) para fechar o ciclo daquela noite de uma maneira estranhamente dançante!

Por Vincent Arbelet

 
Acredito que tanto o show quanto Thom Yorke como expressão artística possam ser descritos como “esquisitos”, “reflexivos” e “introspectivos”. Talvez todos que lá compareceram estivessem sutilmente procurando algo como a união reflexiva na arte. Foi um ambiente totalmente propício para a troca de energias – onde Yorke nos mostrava as suas confissões, medos e esperanças para que pudéssemos também pensar nas nossas próprias – deixando na memória as lembranças de uma noite de envolvimentos. Descrevê-lo como “etéreo” também se encaixaria perfeitamente porque em muitos momentos eu tive a sensação de estar em um plano mais distante e inconstante... Foi de certo algo como voar!

Eu só tenho de agradecer pela experiência e também pela oportunidade de ter um grande amigo – o Guto – compartilhando da mesma energia. Saímos de Curitiba para explorarmos o desconhecido por nós em diferentes cantos da Europa neste intercâmbio e este vai além do academicismo para atingir outros meios. Posso afirmar que tudo foi maravilhoso!

Por Lelelerele Handmade




Para finalizar, espero que esta publicação simbolize possa trazer (mesmo que apenas verbalmente) coisas boas a cidade luz em relação ao atentado ocorrido recentemente. O Festival aconteceu há algumas semanas antes desta tragédia e poderíamos ter sofrido algo também. Que a cidade possa se reconstruir e o seu povo possa reviver!

(O setlist do show pode ser visto aqui)

Abraços!

[6 on 6] Outono

Piazza Adriano

 E então o meu primeiro 6 on 6 de um modo bem colorido! Este projeto fotográfico se baseia em postar 6 fotos em todo dia 6 de cada mês. Tudo bem; estou um pouco atrasado, mas a primeira postagem do projeto aqui aparece como uma comemoração do meu segundo mês na Itália!
 O tema que escolhi para o mês de outubro/novembro é o Outono já que este começou no dia 23 de setembro e agora é possível ver milhares de folhas ao chão!
 Algo ótimo de se ver é caminhar pela cidade, mesmo nos dias mais atarefados e cheios de rotina, e admirar o belo degradê feito pelas folhas das árvores. Algumas do amarelo ao vermelho e outras vão do laranja ao verde; gerando aquela belíssima combinação de cores análogas. Estes registros são voltados aos arredores do meu bairro que se chama Cit Turin ("Pequeno Turim" em dialeto piemontês) e também do Politécnico de Turim que também é muito próximo ao meu endereço.

Piazza Adriano

Torèt

 Tanto na Piazza Adriano quanto em outros cantos da cidade existe as fontes de água chamadas de Torèt (significa "Pequeno Touro" no dialeto piemontês) e também carinhosamente de tourinho. São muito difusas entre os turineses como um símbolo da cidade e grande parte possui afeto por esses. É um ótimo meio para se refrescar gratuitamente em dias quentes, nos momentos de esporte ou simplesmente naqueles cheios de sede!





 
 O sol contagia praticamente todo o apartamento nesses dias calorosos, exceto pelo o meu quarto porque só pega sol durante a manhã. Aos poucos o tempo está esfriando e os estes dias estão para acabar. Precisamos aproveitá-los! Outro bonito detalhe é ver os alpes quando o céu está totalmente limpo e em algumas partes já estão com neve!

Politécnico de Turim no Corso Duca degli Abruzzi


As flores estão cada dia mais avermelhadas no campus do Politécnico de Turim no Corso Duca degli Abruzzi. Infelizmente as minhas aulas não são ali; exceto aos poucos sábados nos quais tenho aula de italiano. Mas vale a pena acordar cedo para me maravilhar com os detalhes!

Corso Duca degli Abruzzi

Ci vediamo!