Memórias analógicas: Juice Camera & Kodak

http://www.fuuvi.com/products/juicecamera.html

 Coisas boas sempre voltam! Com isto, esta velha e querido tema volta com atualizações de alguns anos de atraso porque levei muito tempo para terminar alguns rolos; para publicar cada foto no meu flickr ou para digitalizá-los porque eu mesmo faço desde que comprei um escâner com suporte para digitalização de negativos (tenho de dizer que isto é bem trabalhoso!).
 Quando eu realmente pensei que já tivesse passado do momento certo de escrever sobre as boas experiências que estes rolos puderam me passar – vieram outros rolos de filme e assim o acúmulo era ainda maior – então notei que já tinha conteúdo do fim de 2013; do ano de 2014 e 2015 inteiros! Não poderia esperar ainda mais!

White streets; dark fields.
Rua São Francisco perdida em algum 2013.
Já inexistente

Começando pela a Juice Camera – que são toycameras com formato de caixinhas de suco – e a minha se chama Yum Yum Mjölk porque tem sabor de leite! Gosto muito dela porque por ter lente de plástico e me lembrar muito o resultado das fotos feitas com a Diana Mini/F+ (porém a Juice não tem opção de flash) e também porque involuntariamente já se consegue vários e suaves vazamentos de luz.  Essa pequena consegue trazer uma certa poesia visual às fotografias sem precisar de muitos esforços!
 As fotos se dividem entre fim de 2013 – quando comecei a fazer aulas de italiano aos sábados de manhã – e vários momentos de criatividade de 2014. Passar pela rua São Francisco de manhã para ir ao curso era algo que me motivava depois de ter acordado cedo e então eu não poderia deixar de registrar algum momento deste. Sem falar do restaurante chamado "O Brasilino" – que coloria a rua com o seu simples charme – mas que infelizmente fechou as portas e deu lugar a um pub de tamanho maior depois da rua se tornar muito popular.

Tutto è pieno di amore (solo non l'hai ancora ricevuto)
Minha querida irmã, Sabrina, servindo mais uma vez como modelo. <3
Reminiscência

 Com fotos que eu nem mesmo sabia que já tinha tirado há tanto tempo assim, eu trago as lembranças de uma manhã de julho de 2014 pelos arredores da minha rotina em Pinhais. Este ensaio foi uma ideia desejada pelo meu irmão para um projeto musical dele – chamado Leco London – mas reunir todos os integrantes com um horário nada convidativo não era uma tarefa assim tão rápida.
 Em um certo dia de domingo, depois de conseguir combinar com todos, acordamos com esforço às 7h30 e percorremos através as ruas do nosso bairro, ruas do município e terrenos próximos ao terminal de ônibus. Foi algo muito bom ver o frio e a neblina sumirem para que o sol pudesse tomar conta do dia. Com certeza foi uma manhã memorável e qualquer traço de sono não importava mais porque valeu muito a pena! Neste divertidos momentos, eu usei a Juice Camera e também a minha velha e guerreira Kodak KB10 para fazer aquelas duplas exposições que gosto tanto! <3

/ humble warmth of the sun /

(Emaranhar)

/doˈmenika/ /matˈtina/

"I miss the Village Green"

My baby doesn't care 'bout holidays

 E destes rolos de filme, a mais recente é do dia 1° de maio de 2015. Minha querida irmã, Sabrina, posa para as minhas analógicas lembranças e adoro fotografá-la! Foi um ótimo período porque já estava um tanto recuperado da minha cirurgia ortognática e porque adoro esses ensaios com a minha irmã (aliás, um beijo enorme! Sinto saudades!).

 Enfim, posso afirmar com felicidade que mais um filme está para ser terminado e neste vão aparecer lembranças de lugares que percorri neste intercâmbio!

Abraços!

[6 on 6] Luci d'Artista: Turim iluminada

A instalação "Piccoli Spiriti Blu" no Monte dei Cappuccini

 Turim está mais bonita e iluminada desde o fim de outubro até o dia 10 de janeiro. Qual é motivo de tudo isto? É o projeto Luci d'Artista ("Luzes dos Artistas") que traz projetos de instalações nas iluminações públicas nos tempos de festividades natalinas. Neste ano de 2015 que mal acabou – e que ainda deixa a sensação que não é 2016 para que nos confundamos ao falar – foram desenvolvidas 20 obras e emprestadas outras 2 da cidade de Salerno; o projeto nasceu em 1998 e conta com vários artistas italianos e também estrangeiros. É muito legal caminhar durante estas noites frias e admirar a beleza de cada uma delas porque faz de Turim um museu ao ar livre!

 A instalação que está no Monte dei Cappuccini (uma colina por volta de 283 metros onde se pode ter uma maravilhosa vista da cidade) é a chamada "Piccoli Spiriti Blu" ou "Pequenos Espíritos Azuis" e pela artista alemã Rebecca Horn. O que deixa a instalação ainda mais curiosa é que os pequenos círculos se entrelaçam com as névoas de inverno que saem do Rio Pó; deixando as formas esfumaçadas para que finalmente virem estes pequenos espíritos sobre nossas cabeças.


  As constelações e planetas mostram as suas formas pelas ruas mais movimentadas do centro com "Planetario" na famosa Via Roma – onde tem várias das famosas grifes e demais lojas como H&M, Zara e Apple Store – feita por Carmelo Giamello e "Palomar" feita por Giulio Paolini e está na Via Po. É muito gostoso de se caminhar no fim da tarde de encontrar essas estrelas combinando com as cores do céu!

"Luì e l’arte di andare nel bosco" na Via Garibaldi (foto por Rodrigo Bastos)

"Volo Su..." de Francesco Casorati na Via Pietro Mica e também na Via Cernaia (foto por Rodrigo Bastos)

"My Noon" de Tobias Rehberger na Piazza Palazzo di Città (foto por Rodrigo Bastos)
 Outra rua movimentada pelas suas lojas, artistas de rua e também tendas de artesanato é a Via Garibaldi e por lá se encontra da instalação "Luì e l’arte di andare nel bosco" do artista Luigi Mainolfi e conta a história de um livro do mesmo nome do qual o personagem – Luì Il Matto (Luì, o louco")  – consegue encontrar uma criança perdida no Bosque Silencioso e durante sua aventura aprende a língua das formas, dos sons, do silêncio e das cores! A história é uma metáfora sobre a arte como forma de segurança e refúgio; é um incentivo a explorar às paisagens e o seu potencial sensorial!
 Os pássaros decorando a cidade com fitas vermelhas é a obra "Volo Su..." criada por Francesco Casorati; e como descreve o título, é um belo "voo sobre" a cidade porque ao se ver de longe, os passarinhos parecem ter um suave movimento que os faz parecer que estão percorrendo por todas as ruas. Por último, "My Noon"; do artista alemão Tobias Rehberger, está na Piazza Palazzo di Città onde se encontra a sede do município de Turim; também se pensa que já tenha hospedado o fórum romano e na idade média era a praça mais importante da cidade porque ali se encontrava o mercado; com duas divisões chamadas de Piazze delle Erbe ou Praça das Erva (destinada para vender hortaliças) e a Piazza del Grano ou Praça do Grão (para vender grãos).

  Como o projeto tem sua edição a cada ano, este é um bom motivo para caminhar e conhecer ainda mais a cidade nos tempos natalinos.

 Espero que tenham gostado! :)

Meu 2015 musical


 Enfim as correrias das festividades de fim de ano passaram e já estamos no início de outros afazeres e agitações cotidianas. Escrever sobre um ano musical – e tentar resumir cada mês em uma música – não é uma tarefa fácil! Preciso dizer que sempre tendi ao lado saudosista e com isto fico mentalmente definindo aspectos de cada ano que se passou com uma música, um filme, um livro ou qualquer outro jeito de associação; mas realmente nunca tinha feito uma lista.

 Eu descrevo 2015 como um ano de "espera". Foi o aguardo por resultados de processos – alguns angustiantes porém todos cheios de esperança – do ano anterior e da metade do retrasado porque foi o ano em que realizei uma cirurgia ortognática * * (com o objetivo de corrigir o posicionamento dos ossos da minha mandíbula e maxila) e também me recuperar a tempo de partir para o meu atual intercâmbio na Itália.
 A música estava ainda mais forte na minha rotina já que fiquei um grande tempo me recuperando em casa e a ansiedade por tudo que ainda estaria por vir me trazia inspiração de algum modo. Nesta retrospectiva, também, o desafio foi não colocar muitas músicas de Björk porque ela foi a maior definição do meu ano pois foi uma redescoberta – que já tinha começado no fim do ano de 2014. Era uma das artistas que no meu interior eu sabia que entraria me apaixonaria pelo seu mundo artístico. Posso afirmar que foi assim! Tanto é que realizei um projeto acadêmico que eu mais adorei desenvolver e me orgulho do resultado; o Björk's Post 20th Anniversary, em que consistiu na transcrição de mídia do álbum Post (1995) em uma série animada com enredo, ilustrações e outras referências. Mas retorno a falar deste querido projeto quando retomar a tag #Sketchbook pois tenho coisas antigas para mostrar e novas para criar!

Bem, que venham as músicas!


JANEIRO
"Travel Light" – The Dø (2008)



"I got something in my head like a lion in a cage starving wild-
And I’ve ran out of meat
Something in my head something crawling like a snake
in my bed made me rip off my sheets"

 No primeiro mês do ano fui apresentado por um amigo a esta banda francesa e que foi criada em 2005. "Travel Light" está no álbum "A Mouthful" de 2008, com uma pegada indie pop e folk rock de um jeito muito suave. A música fala sobre algo que está dormente em sua cabeça e que se está com receio de acordá-la; também fala daquele profundo sentimento – que muitas vezes incomoda – que lhe faz querer correr e mudar o próprio mundo. É uma luta introspectiva estando sozinho em uma selva ("[...] an awkward situation trying to fight the jungle alone") mas que de qualquer modo é preciso persistir caso queira viajar tranquilamente.
 Esta é a abertura do meu 2015 porque aparece como um meio de saudar a inspiração e esperar pela chegada dos tão ansiosos objetivos. Neste mês também enviei minhas cartas de motivação para o Ciência sem Fronteiras com a escolha de três cidades italianas para morar e também voltei com a fazer desenhos e pinturas.



FEVEREIRO
"There She Goes" – Sixpence None the Richer (1999)



"There she goes
There she goes again
Pulsin through my veins
And i just can't contain
This feeling that remains"

 Foi um mês tranquilo e também criativo porque pratiquei bastante técnicas artísticas. Fiz uma ilustração em aquarela da Duffy; postei no instagram e recebi resposta dela! Também, foi o mês em que eu e uma das minhas melhores amigas, a Maya Rondanini, ficamos viciados na vibe 90s do Sixpence None the Richer e "There She Goes" me faz lembrar muito dela. Esta música me dá vontade de dançar loucamente em meio à multidão com a Maya sem ligar para o resto do mundo (e isto, consequentemente, me vêm à cabeça cenas de "As Vantagens de Ser Invisível". No fim de fevereiro voltei às aulas da universidade e este era para ser o meu último ano – com o monstro do TCC – caso eu não tivesse vindo para Turim.




MARÇO

"Life on Mars?" – David Bowie (1971)



"But her friend is no where to be seen
Now she walks through her sunken dream
To the seats with the clearest view (...)"

 Um dos meses mais ansiosos e também com queridos momentos. Aqui comecei a frequentar mais vezes a rua São Francisco, em Curitiba, com alguns novos amigos e aproveitando melhor as minhas noites de sábado; na metade do mês eu fui a um evento chamado Volcano #3 com as bandas O Terno; Ruído/mm e Tods. Foi uma noite muito legal porque estas saídas aos eventos e lugares mais alternativos sempre ficam guardadas como algo bom na minha memória! Mas o momento mais esperado ainda estava por vir: a cirurgia ortognática que foi marcada para o dia 24 de março às 7h00min. Sempre me lembro de tê-la escutado – tanto no dia anterior quanto em algumas horas antes da cirurgia – junto com "There She Goes".
  "Life on Mars?" me apareceu enquanto estava começando a assistir a quarta temporada de American Horror Story – que por sinal não terminei de assistir – e me trouxe de volta o fascínio em David Bowie e agora na versão de Jessica Lange. A música fala sobre a reação de uma sensível garota em relação à mídia, suas emoções e o desejo de escapar das deprimentes restrições do mundo real; mas ainda há esperança – ainda que mínima – para se esquecer dos problemas. Assim, "Life on Mars?" me preencheu com a apreensão de um problema que me incomodava há um bom tempo e que logo estaria por acabar (apesar do período pós-operatório também não ser nada fácil).



ABRIL

"Wandering Star" – Portishead (1994)



"Wandering stars, for whom it is reserved
The blackness of darkness forever"

Entre este mês e o próximo, eu estive curtindo bastante a vibe 90s do triphop –  ainda mais incrementadas com as dicas de álbuns de trip hop do Miojo Indie – então não seria nada mais do que justo citar o Portishead e o sombrio álbum "Dummy". Este mês foi o mais difícil da minha recuperação da cirurgia porque não podia mastigar absolutamente nada por volta de uns dois meses e meio; sem falar no inchaço e outras dificuldades. A sensação era muito estranha e o meu rosto consequentemente estava muito sensível. Apesar de "Wandering Star" ser uma música que retrata claramente sobre depressão, tanto esta quanto o álbum todo me encantaram com os seu vocal e instrumental – como o uso do theremin * em "Mysterons" – e também esta atmosfera etérea e nebulosa me chamaram muito a atenção.