O sexto mês distante

Cogne: a primeira (pequena e bela) cidade que visitei.

 Mais um dia 9 chegou; passou e com este veio a contagem de mais um mês longe de casa. Agora, são 6 meses em Turim; 6 meses em um país diferente e com um turbilhão de experiências – tanto boas quanto algumas ruins – acumuladas na memória. A passagem do tempo é tão confusa e diferente quando se está vivendo distante; os meses voam; a vida corre tanto aqui e na querida terra de origem ao mesmo modo em que parece tudo apenas começou ontem.
 Os choques – sejam culturais, sociais ou linguísticos – aparecem constantemente. Desde o início eu tinha me proposto este desafio porque sair do constante estado de conforto é; muitas vezes, preciso para uma efetiva autoanálise. A saída do comodismo nunca foi tão forte; nunca foi tão rápida ou brusca como tem sido em muitos momentos.

Um risotto al pesto um pouco adaptado por mim.

 Redescobri em mim coisas que há muito tempo não pratica apenas pela praticidade ao meu redor: a culinária; por exemplo, virou um grande interesse. Confesso que deveria ter me focado nisto antes porque minha mãe é confeiteira (além de trabalhar com outras áreas da panificação) e sempre tive à disposição alguém para me auxiliar mas obviamente era mais oportuno somente apreciar o resultado final. Por outro lado, a distância me fez pegar o gosto por pesquisar mais sobre diversas receitas, me interessar pelo valor nutricional daquilo que eu como e me pego muitas vezes lendo sobre isto nos horários mais inusitados!

O Café des 2 Moulins e Amélie.

A pequena cidade de Fenestrelle e minha primeira neve.

 Por aqui, dependo apenas de mim. Por aqui, preciso saber lidar com o novo e aproveitar o momento apesar da ausência de quem esteve sempre junto para poder fazê-lo com as novas presenças. O percurso – por mim mesmo – me traz sempre boas lembranças. Parte da minha viagem a Paris, em outubro, com o percurso pelo bairro de Montmartre e a famosa Rua Lepic (onde tem o "café da Amélie" ou o "Café des 2 Moulins") foi feito sozinho porque meu grande amigo Guto teve de ir embora antes de mim. Não falo francês; mas me virei. Estava sozinho; mas aproveitei intensamente e a descoberta foi ainda mais intensa.
 Com as novas amizades, a descoberta foi de algo muito esperado e igualmente atrasado em suas previsões meteorológicas: a neve! Esta veio um tanto tarde – quase no fim do inverno – mas conseguimos conhecê-la. A pequena, porém calorosamente querida, cidade de Fenestrelle teve uma tarde animada por nós em contraste com todo este gelo. Sobre viagens, a minha primeira foi para Cogne e fica nas regiões de fronteira entre França e Suíça (com direito a um diferente sotaque afrancesadamente italiano).

Gelateria Monginevro, La Romana e La Voglia Matta <3

 Não poderia deixar de lado uma das maiores famas da Itália. Conhecer cada uma das gelaterias é uma atividade quase nada prazerosa! O primeiro e grande gelato que comi foi na falecida Monginevro (mas infelizmente fechou); outra muito famosa é a La Romana; mas o meu coração tem um enorme espaço para apenas uma: La Voglia Matta (ou "a vontade louca" em português); com gelatos gigantes por apenas 2 euros – tendo o simpaticíssimo Giovanni como dono – não tem como não amar. Também, se fosse para recomendar a alguém alguns sabores, diria a combinação de tiramisù (parece um bolo!), café ou chocolate e nutella (este último ele o coloca na hora!).

O meu canto em Turim.

 Apesar das ótimas vivências, a vida acadêmica não tem sido nada como o esperado. É impossível vir sem ter criado certas expectativas – mesmo tendo tentado não criar muitas – e me encontrar confuso ou incompreendido é um tanto desanimador. Ainda não consegui compreender corretamente o jeito de desenvolver o projeto de design aos moldes italianos; também ainda não tive a oportunidade de ter contato com bons professores ou compreensíveis com os estrangeiros. De qualquer modo, pode ser que o método não conflituoso àqueles que são de fora mas funcione muito bem a eles. Não sei dizer ainda. Mas tudo serve como auxílio para enxergar os esforços e o quão boa em design é a minha universidade de origem.
 Entre as oscilações que se baseiam esta grande montanha-russa emocional que é um intercâmbio; eu me encontro e preciso reunir minhas forças e otimismos porque o novo semestre acadêmico está apenas começando.

Até mais!

Studio65 & o Design Radical


 Em dezembro tive o prazer de presenciar esta mostra na Galleria d'Arte Moderna (GAM) de Turim e no mesmo dia e local também vi a exposição das obras de Monet. A mostra do Studio65 se chama "Il Mercante di Nuvole" ou "O Mercador de Nuvens" e o nome já demonstra um pouco da irreverência deste estúdio de design e arquitetura turinense – e também de um movimento – nascido em 1965.
 A exposição celebra os 50 anos de atividades do Studio65, um dos protagonistas do Pop Design italiano – ou também Design Radical – possuindo o objetivo de combater o forte conformismo perante à estética proposta pelo modernismo com novas ideias criativas. Um coletivo de arquitetos; que contava com Roberta Garosci, Enzo Bertone, Paolo Morello e Paolo Rondelli, se reúnem com Franco Audrito (também estudante e pintor) para formar uma armada em sua mansarda* (uma espécie de cômodo de casa situado numa abertura do telhado com parede inclinada e teto baixo) em Turim, situada no Corso Vittorio Emanuele 84.

L'Arca (1993)

 Em uma noite de primavera, desenham aquilo que seria a marca* do grupo; possuindo sempre a ironia em sua linguagem: o nome Studio65 escrito com uma tipografia que se remetia àquela da máquina de escrever e os quais a distribuição era frequente em frente às fábricas da época (lembrando que Turim foi famosa naquela período devido ao desenvolvimento industrial). A composição tipográfica era um tanto desconexa porque o número 65 era desenvolvido sendo metade em letras e a sua outra metade em numerais ("sessanta5") e começando um novo parágrafo depois do s duplo ("sess=anta5").
 A marca é uma declaração de guerra em relação à consolidada estrutura de linguagem de modo elitista e com o objetivo de desmascarar os valores ideológicos e propor a experimentação de novos meios de expressão linguística com a capacidade de representar o desejo por renovações e mudanças que se encontrava na juventude dos anos 60.


 O Anti-Design e o Design Radical marcam a transição do modernismo rumo à pós-modernidade. O modernismo trazia consigo a noção da racionalidade, universidade, padronização produtiva e também a utilização de paleta de cores sóbrias (como o preto, cinza e branco); por outro lado, o Anti-Design não se focava na funcionalidade e nem mesmo ao apelo comercial e abraçava de vez a efemeridade da Pop Art (a linguagem da comunicação de massa) para se apegar à ornamentação e também à decoração.
 A estética desenvolvida obtinha ênfase no uso de materiais, cores, proporções exageradas e texturas diferenciadas; resultando em peças “caricatas”, absurdas e de grande incoerência por parte da crítica da época. Neste movimento não existe a admiração em relação aos materiais na sua forma pura ou das características práticas – ao contrário – é atribuída a carga simbólica como símbolos visuais ao design. Um exemplo é a poltrona "Mickey", criada em 1972, da qual tem o conceito de trazer as histórias em quadrinhos para a vida cotidiana e também de ruptura ao poder doméstico.

Poltrona "Mickey" (1972).

 Tanto o Anti-Design quanto o Design Radical possuíam como proposta a revolução estética e sociocultural. Além disto, o Design radical questionava por que se manter com os antigos aspectos funcionais modernistas. O Anti-design não visava o mercado consumidor na elaboração dos seus projetos; mas se concentrava no estudo das possibilidades formais, buscando um novo jeito de se ver e experimentar o design com novas formas e texturas – a fim de trabalhar em função da sociedade para aprimorar o seu olhar  sobre o design; porém, o Design Radical visava diretamente à sociedade e propunha maneiras radicais (muitas vezes utópicas) para organização social e evolução cultural; ou seja, a reformulação das antigas maneiras de se fazer design mas que ainda mantivesse – de algum modo – a usabilidade do produto.

O Studio65 e a mostra "Il Mercante di Nuvole" na GAM Torino.

O Studio65 e a mostra "Il Mercante di Nuvole" na GAM Torino.

"Boccadoro" (2015).

 Uma das coisas mais interessantes desta mostra foi poder experimentar algumas das peças criadas pelo Studio65. Pude me sentar em várias poltronas! Além disto, contava com algumas salas mais interativas, com projeções de céu (e poltronas igualmente temáticas) ou projeções de guerra. Foi um dia um tanto divertido e agradável!
 Antes que me esqueça, e também àqueles que possam se interessar, um dos trabalhos que fiz na matéria de História do Design na universidade foi a criação de uma cartaz contando sobre o Anti-design. Caso queiram, podem conferi-lo no meu portfólio e também podem se aprofundar um pouco mais sobre o assunto com o artigo do blog da Universidade Ahembi que usei como referência.

Espero que tenham gostado.

Abraços!

[6 on 6] Roma


 Fevereiro chegou e com este um relato sobre o que aconteceu entre o fim do ano passado e o começo deste: um réveillon em Roma! Também, finalmente um 6 on 6 na data certa e juntamente de uma boa notícia porque hoje fiz o meu teste de italiano de fim de semestre. A querida professora Elena o corrigiu hoje mesmo – que rápida! – e fui aprovado! Isto é algo maravilhoso já que eu a minha experiência acadêmica com o design na PoliTO; apesar dos meus esforços, não tem sido uma das melhores.
 Deixando as burocracias de lado, passei 4 dias na famosa "Cidade eterna" sendo do dia 29 de dezembro ao dia 1° de janeiro. Usei o roteiro do Blog Rumo que conta com muitas dicas interessantes para turistar com esta quantidade de dias.
 As minhas primeiras paradas foram o Coliseu, junto ao Arco de Constantino e o Monte Palatino e estes são superpróximos entre si. O melhor deste dia foi o truque usado por mim e meus amigos: "furamos" a fila para entrar no Coliseu! Mas não foi realmente algo ilegal já que o segredo está em comprar os ingressos na bilheteria do Fórum Romano e do Paladino; além destes, vale para o Fórum Romano, Coliseu e também é possível reutilizá-lo no dia seguinte! Mas não poderá revisitar um mesmo ponto no dia seguinte.

Fórum Romano
 O Fórum Romano foi o centro da vida pública e comercial da Roma imperial – também conhecido como Forum Magnum – onde aconteciam cerimônias triunfais, eleições, discursos públicos, processos criminais e contava também com vários confrontos entre gladiadores. Atualmente se encontram muitas ruínas e escavações arqueológicas e o local já foi considerado o ponto de encontro mais conhecido do mundo em toda a história!

Piazza San Pietro

 No segundo dia (além do Castel Sant'Angelo) visitei a Piazza San Pietro* onde fica o Vaticano! Foi projetada por Bernini*, no século XVII, possuindo o estilo clássico mas com algumas adições do estilo barroco. O seu estilo clássico pode visto pela coluna que enfeita a entrada para a basílica que está envolvida por uma grande área oval; por outro lado, o  estilo barroco está representando no próprio espaço oval característico da praça e é um aspecto da contrarreforma. Dentro da basílica se encontra o Baldaquino da Basílica de São Pedro* – feito de bronze dourado – tendo as suas 4 grandes bases de mármore trabalhas em espirais e foi criado para o altar papal acima do Túmulo de São Pedro. Aqui se encontra um ótimo exemplo de toda a complexa energia barroca!

Baldaquino da Basílica de São Pedro
 O terceiro dia foi completamente movimentado e cheio de visitas às igrejas. Neste percurso, passei pela Basilica Santa Maria Sopra Minerva, Chiesa di Sant’Ignazio e Chiesa Santa Maria della Vittoria. Nesta última igreja se encontra a escultura de "O Êxtase de Santa Teresa"*; feita por Bernini entre 1647–1652 e é um marco do estilo barroco. A obra está em um nicho de mármore e bronze representando a experiência dívina de Santa Teresa de Ávila transpassada por uma seta por um anjo e sua beleza vem através do uso da iluminação e da fidelidade da escultura porque Bernini aplicava o uso de corpos alongados e de gestos expressivos. Além disto, foi uma ótima oportunidade de tirar uma foto ao lado desta incrível obra vestindo uma camiseta – que comprei muito tempo antes do intercâmbio – ilustrada a expressão facial da santa!

"O Êxtase de Santa Teresa", foto por Rodrigo Bastos.
 Também neste dia, conheci a famosa Fontana di Trevi e tive muita sorte porque foi reaberta há pouquíssimo tempo depois de ter sido reformada. É a maior e mais ambiciosa construção de fontes barrocas da Itália (com aproximadamente 26 metros de altura e 20 metros de largura) e foi construída em 1796. A fonte se encontrava no cruzamento de três estradas, marcando o ponto final do Acqua Vergine, um dos mais antigos aquedutos que abasteciam a cidade de Roma. No ano 19 a.C., supostamente ajudados por uma virgem, técnicos romanos localizaram uma fonte de água pura a pouco mais de 22 quilômetros da cidade e a cena é representada em escultura na própria fonte.

AQVAE VIRGINIS
O meu último dia em Roma se resumiu em visitar a Villa Borghese. Foi um ótimo dia porque não estava fazendo muito frio e fizemos um passeio de bicicleta com os amigos. Porém, como o desafio do 6 on 6 é escrever com 6 fotos, eu deixo um pouco de experiência deste dia no instagram, haha.

Até mais!

Memórias analógicas: Juice Camera & Kodak

http://www.fuuvi.com/products/juicecamera.html

 Coisas boas sempre voltam! Com isto, esta velha e querido tema volta com atualizações de alguns anos de atraso porque levei muito tempo para terminar alguns rolos; para publicar cada foto no meu flickr ou para digitalizá-los porque eu mesmo faço desde que comprei um escâner com suporte para digitalização de negativos (tenho de dizer que isto é bem trabalhoso!).
 Quando eu realmente pensei que já tivesse passado do momento certo de escrever sobre as boas experiências que estes rolos puderam me passar – vieram outros rolos de filme e assim o acúmulo era ainda maior – então notei que já tinha conteúdo do fim de 2013; do ano de 2014 e 2015 inteiros! Não poderia esperar ainda mais!

White streets; dark fields.
Rua São Francisco perdida em algum 2013.
Já inexistente

Começando pela a Juice Camera – que são toycameras com formato de caixinhas de suco – e a minha se chama Yum Yum Mjölk porque tem sabor de leite! Gosto muito dela porque por ter lente de plástico e me lembrar muito o resultado das fotos feitas com a Diana Mini/F+ (porém a Juice não tem opção de flash) e também porque involuntariamente já se consegue vários e suaves vazamentos de luz.  Essa pequena consegue trazer uma certa poesia visual às fotografias sem precisar de muitos esforços!
 As fotos se dividem entre fim de 2013 – quando comecei a fazer aulas de italiano aos sábados de manhã – e vários momentos de criatividade de 2014. Passar pela rua São Francisco de manhã para ir ao curso era algo que me motivava depois de ter acordado cedo e então eu não poderia deixar de registrar algum momento deste. Sem falar do restaurante chamado "O Brasilino" – que coloria a rua com o seu simples charme – mas que infelizmente fechou as portas e deu lugar a um pub de tamanho maior depois da rua se tornar muito popular.

Tutto è pieno di amore (solo non l'hai ancora ricevuto)
Minha querida irmã, Sabrina, servindo mais uma vez como modelo. <3
Reminiscência

 Com fotos que eu nem mesmo sabia que já tinha tirado há tanto tempo assim, eu trago as lembranças de uma manhã de julho de 2014 pelos arredores da minha rotina em Pinhais. Este ensaio foi uma ideia desejada pelo meu irmão para um projeto musical dele – chamado Leco London – mas reunir todos os integrantes com um horário nada convidativo não era uma tarefa assim tão rápida.
 Em um certo dia de domingo, depois de conseguir combinar com todos, acordamos com esforço às 7h30 e percorremos através as ruas do nosso bairro, ruas do município e terrenos próximos ao terminal de ônibus. Foi algo muito bom ver o frio e a neblina sumirem para que o sol pudesse tomar conta do dia. Com certeza foi uma manhã memorável e qualquer traço de sono não importava mais porque valeu muito a pena! Neste divertidos momentos, eu usei a Juice Camera e também a minha velha e guerreira Kodak KB10 para fazer aquelas duplas exposições que gosto tanto! <3

/ humble warmth of the sun /

(Emaranhar)

/doˈmenika/ /matˈtina/

"I miss the Village Green"

My baby doesn't care 'bout holidays

 E destes rolos de filme, a mais recente é do dia 1° de maio de 2015. Minha querida irmã, Sabrina, posa para as minhas analógicas lembranças e adoro fotografá-la! Foi um ótimo período porque já estava um tanto recuperado da minha cirurgia ortognática e porque adoro esses ensaios com a minha irmã (aliás, um beijo enorme! Sinto saudades!).

 Enfim, posso afirmar com felicidade que mais um filme está para ser terminado e neste vão aparecer lembranças de lugares que percorri neste intercâmbio!

Abraços!

[6 on 6] Luci d'Artista: Turim iluminada

A instalação "Piccoli Spiriti Blu" no Monte dei Cappuccini

 Turim está mais bonita e iluminada desde o fim de outubro até o dia 10 de janeiro. Qual é motivo de tudo isto? É o projeto Luci d'Artista ("Luzes dos Artistas") que traz projetos de instalações nas iluminações públicas nos tempos de festividades natalinas. Neste ano de 2015 que mal acabou – e que ainda deixa a sensação que não é 2016 para que nos confundamos ao falar – foram desenvolvidas 20 obras e emprestadas outras 2 da cidade de Salerno; o projeto nasceu em 1998 e conta com vários artistas italianos e também estrangeiros. É muito legal caminhar durante estas noites frias e admirar a beleza de cada uma delas porque faz de Turim um museu ao ar livre!

 A instalação que está no Monte dei Cappuccini (uma colina por volta de 283 metros onde se pode ter uma maravilhosa vista da cidade) é a chamada "Piccoli Spiriti Blu" ou "Pequenos Espíritos Azuis" e pela artista alemã Rebecca Horn. O que deixa a instalação ainda mais curiosa é que os pequenos círculos se entrelaçam com as névoas de inverno que saem do Rio Pó; deixando as formas esfumaçadas para que finalmente virem estes pequenos espíritos sobre nossas cabeças.


  As constelações e planetas mostram as suas formas pelas ruas mais movimentadas do centro com "Planetario" na famosa Via Roma – onde tem várias das famosas grifes e demais lojas como H&M, Zara e Apple Store – feita por Carmelo Giamello e "Palomar" feita por Giulio Paolini e está na Via Po. É muito gostoso de se caminhar no fim da tarde de encontrar essas estrelas combinando com as cores do céu!

"Luì e l’arte di andare nel bosco" na Via Garibaldi (foto por Rodrigo Bastos)

"Volo Su..." de Francesco Casorati na Via Pietro Mica e também na Via Cernaia (foto por Rodrigo Bastos)

"My Noon" de Tobias Rehberger na Piazza Palazzo di Città (foto por Rodrigo Bastos)
 Outra rua movimentada pelas suas lojas, artistas de rua e também tendas de artesanato é a Via Garibaldi e por lá se encontra da instalação "Luì e l’arte di andare nel bosco" do artista Luigi Mainolfi e conta a história de um livro do mesmo nome do qual o personagem – Luì Il Matto (Luì, o louco")  – consegue encontrar uma criança perdida no Bosque Silencioso e durante sua aventura aprende a língua das formas, dos sons, do silêncio e das cores! A história é uma metáfora sobre a arte como forma de segurança e refúgio; é um incentivo a explorar às paisagens e o seu potencial sensorial!
 Os pássaros decorando a cidade com fitas vermelhas é a obra "Volo Su..." criada por Francesco Casorati; e como descreve o título, é um belo "voo sobre" a cidade porque ao se ver de longe, os passarinhos parecem ter um suave movimento que os faz parecer que estão percorrendo por todas as ruas. Por último, "My Noon"; do artista alemão Tobias Rehberger, está na Piazza Palazzo di Città onde se encontra a sede do município de Turim; também se pensa que já tenha hospedado o fórum romano e na idade média era a praça mais importante da cidade porque ali se encontrava o mercado; com duas divisões chamadas de Piazze delle Erbe ou Praça das Erva (destinada para vender hortaliças) e a Piazza del Grano ou Praça do Grão (para vender grãos).

  Como o projeto tem sua edição a cada ano, este é um bom motivo para caminhar e conhecer ainda mais a cidade nos tempos natalinos.

 Espero que tenham gostado! :)

Meu 2015 musical


 Enfim as correrias das festividades de fim de ano passaram e já estamos no início de outros afazeres e agitações cotidianas. Escrever sobre um ano musical – e tentar resumir cada mês em uma música – não é uma tarefa fácil! Preciso dizer que sempre tendi ao lado saudosista e com isto fico mentalmente definindo aspectos de cada ano que se passou com uma música, um filme, um livro ou qualquer outro jeito de associação; mas realmente nunca tinha feito uma lista.

 Eu descrevo 2015 como um ano de "espera". Foi o aguardo por resultados de processos – alguns angustiantes porém todos cheios de esperança – do ano anterior e da metade do retrasado porque foi o ano em que realizei uma cirurgia ortognática * * (com o objetivo de corrigir o posicionamento dos ossos da minha mandíbula e maxila) e também me recuperar a tempo de partir para o meu atual intercâmbio na Itália.
 A música estava ainda mais forte na minha rotina já que fiquei um grande tempo me recuperando em casa e a ansiedade por tudo que ainda estaria por vir me trazia inspiração de algum modo. Nesta retrospectiva, também, o desafio foi não colocar muitas músicas de Björk porque ela foi a maior definição do meu ano pois foi uma redescoberta – que já tinha começado no fim do ano de 2014. Era uma das artistas que no meu interior eu sabia que entraria me apaixonaria pelo seu mundo artístico. Posso afirmar que foi assim! Tanto é que realizei um projeto acadêmico que eu mais adorei desenvolver e me orgulho do resultado; o Björk's Post 20th Anniversary, em que consistiu na transcrição de mídia do álbum Post (1995) em uma série animada com enredo, ilustrações e outras referências. Mas retorno a falar deste querido projeto quando retomar a tag #Sketchbook pois tenho coisas antigas para mostrar e novas para criar!

Bem, que venham as músicas!


JANEIRO
"Travel Light" – The Dø (2008)



"I got something in my head like a lion in a cage starving wild-
And I’ve ran out of meat
Something in my head something crawling like a snake
in my bed made me rip off my sheets"

 No primeiro mês do ano fui apresentado por um amigo a esta banda francesa e que foi criada em 2005. "Travel Light" está no álbum "A Mouthful" de 2008, com uma pegada indie pop e folk rock de um jeito muito suave. A música fala sobre algo que está dormente em sua cabeça e que se está com receio de acordá-la; também fala daquele profundo sentimento – que muitas vezes incomoda – que lhe faz querer correr e mudar o próprio mundo. É uma luta introspectiva estando sozinho em uma selva ("[...] an awkward situation trying to fight the jungle alone") mas que de qualquer modo é preciso persistir caso queira viajar tranquilamente.
 Esta é a abertura do meu 2015 porque aparece como um meio de saudar a inspiração e esperar pela chegada dos tão ansiosos objetivos. Neste mês também enviei minhas cartas de motivação para o Ciência sem Fronteiras com a escolha de três cidades italianas para morar e também voltei com a fazer desenhos e pinturas.



FEVEREIRO
"There She Goes" – Sixpence None the Richer (1999)



"There she goes
There she goes again
Pulsin through my veins
And i just can't contain
This feeling that remains"

 Foi um mês tranquilo e também criativo porque pratiquei bastante técnicas artísticas. Fiz uma ilustração em aquarela da Duffy; postei no instagram e recebi resposta dela! Também, foi o mês em que eu e uma das minhas melhores amigas, a Maya Rondanini, ficamos viciados na vibe 90s do Sixpence None the Richer e "There She Goes" me faz lembrar muito dela. Esta música me dá vontade de dançar loucamente em meio à multidão com a Maya sem ligar para o resto do mundo (e isto, consequentemente, me vêm à cabeça cenas de "As Vantagens de Ser Invisível". No fim de fevereiro voltei às aulas da universidade e este era para ser o meu último ano – com o monstro do TCC – caso eu não tivesse vindo para Turim.




MARÇO

"Life on Mars?" – David Bowie (1971)



"But her friend is no where to be seen
Now she walks through her sunken dream
To the seats with the clearest view (...)"

 Um dos meses mais ansiosos e também com queridos momentos. Aqui comecei a frequentar mais vezes a rua São Francisco, em Curitiba, com alguns novos amigos e aproveitando melhor as minhas noites de sábado; na metade do mês eu fui a um evento chamado Volcano #3 com as bandas O Terno; Ruído/mm e Tods. Foi uma noite muito legal porque estas saídas aos eventos e lugares mais alternativos sempre ficam guardadas como algo bom na minha memória! Mas o momento mais esperado ainda estava por vir: a cirurgia ortognática que foi marcada para o dia 24 de março às 7h00min. Sempre me lembro de tê-la escutado – tanto no dia anterior quanto em algumas horas antes da cirurgia – junto com "There She Goes".
  "Life on Mars?" me apareceu enquanto estava começando a assistir a quarta temporada de American Horror Story – que por sinal não terminei de assistir – e me trouxe de volta o fascínio em David Bowie e agora na versão de Jessica Lange. A música fala sobre a reação de uma sensível garota em relação à mídia, suas emoções e o desejo de escapar das deprimentes restrições do mundo real; mas ainda há esperança – ainda que mínima – para se esquecer dos problemas. Assim, "Life on Mars?" me preencheu com a apreensão de um problema que me incomodava há um bom tempo e que logo estaria por acabar (apesar do período pós-operatório também não ser nada fácil).



ABRIL

"Wandering Star" – Portishead (1994)



"Wandering stars, for whom it is reserved
The blackness of darkness forever"

Entre este mês e o próximo, eu estive curtindo bastante a vibe 90s do triphop –  ainda mais incrementadas com as dicas de álbuns de trip hop do Miojo Indie – então não seria nada mais do que justo citar o Portishead e o sombrio álbum "Dummy". Este mês foi o mais difícil da minha recuperação da cirurgia porque não podia mastigar absolutamente nada por volta de uns dois meses e meio; sem falar no inchaço e outras dificuldades. A sensação era muito estranha e o meu rosto consequentemente estava muito sensível. Apesar de "Wandering Star" ser uma música que retrata claramente sobre depressão, tanto esta quanto o álbum todo me encantaram com os seu vocal e instrumental – como o uso do theremin * em "Mysterons" – e também esta atmosfera etérea e nebulosa me chamaram muito a atenção.



Dois dias em Veneza

Em algum canal de Santa Croce
  E então a oportunidade de visitar Veneza me apareceu com mais uma dessas promoções com preços irresistíveis! E desta vez não poderia perdê-la de jeito nenhum, já que ida e volta deram o total de €5 de ônibus! Foram um pouco mais de 5h45min de viagem mas posso afirmar que o percurso foi muito agradável e quentinho (um viva ao sistema de aquecimento!) e fiquei por lá do dia 11 ao dia 12 de dezembro.
  Para que a viagem ficasse ainda melhor, consegui um couchsurfing (a tradução seria próxima à "surfe de sofá"; mas em outras palavras, hospedagem gratuita) com o pessoal do edital de Veneza e já conheci metade deles no apartamento (porque só tem 10 pessoas do Ciência sem Fronteiras vivendo por lá) e foram todos muito solícitos e simpáticos! Eles moram em Mestre, uma cidade ao lado de Veneza e essa é muitas vezes considerada como parte ou um bairro da cidade. Por outro lado, passei pelo maior frio que eu senti até agora por lá! Ainda que eu estivesse bem vestido para o frio, isto não foi o suficiente. ç.ç

Mapa do roteiro de bairros visitados

 Eu e minha amiga This visitamos 7 bairros e fiz um pequeno roteiro a partir das dicas do guia de bairros de Veneza que encontrei no site da Airbnb. Conhecemos Santa Croce; San Polo; Dorsoduro/Accademia; San Marco, Castello, Cannaregio e a ilha de Murano.
 Em Veneza é necessário caminhar muito, então tem de ir preparado para fazer muita caminhada e se perder nas vielas da cidade – o que não é muito difícil – mas garanto que é uma das graças da cidade! Para visitar as ilhas de Giudecca, Murano e Burano é necessário utilizar o Vaporetto que é uma embarcação que serve de um meio de transporte público. Já aviso que bilhete não é nada barato (custando €7,50) e caso opte pelo bilhete que dá acesso também aos outros transportes (ônibus que vão de Mestre a Veneza ou o bonde elétrico que liga a ilha de Tronchetto ao Piazzale Roma) pelo perído de 24 horas este custa €20. Bem, Veneza não é nada barata e até o McDonald's custa um pouco acima do normal. ;p

Santa Croce


SANTA CROCE // ARTESANATO – GRANDE CANAL

 
Este foi o primeiro bairro em que começamos a percorrer porque é ao lado do Piazzale Roma – onde é o terminal de ônibus e o limite do transporte terrestre – também ao lado da ilha de Tronchetto (onde geralmente é a parada de ônibus de turismo e estacionamento) e dá para se acessar o bairro de Cannaregio pela Ponte della Costituzione (aquela bem moderna, polêmica* e um tanto escorregadia porque tem partes de vidro). É um canto com muito muitos canais, cafés agradáveis e quiosques vendendo artesanatos e máscaras. Os lugares que me interessam ali foram o palácio Ca' Pesaro, o Fontego dei Turchi (sede do Museu Civico de história natural) e a Igreja de San Stae.

Santa Croce


SAN POLO // ARTESANATO – CAFÉS – QUIOSQUES

 
É aqui onde está a igreja mais antiga da cidade; a igreja San Giacomo di Rialto, também a famosíssima Ponte di Rialto mas infelizmente estava em reformas e não podemos vê-la muito bem. Em compensação, passamos um tempo pelo praça Campo San Polo onde estava tendo uma feira e também pista de patinação; com muitas crianças se divertindo por lá.

This e frio durante o fim de tarde

Feira natalina no Campo San Polo

  E também foi em San Polo que encontramos algumas lojas de máscaras surpreendentes e macabras! Uma delas foi a La Bottega dei Mascareri (S. Polo 2720) e é muito famosa porque alguma de suas máscaras já apareceram em muitos filmes – como "Eyes Wide Shut" de Stanley Kubrick – livros e também tem várias fotos de muitas celebridades com algum produto ou com os donos.
 A sensação de admirar as máscaras é um tanto confusa e irônia. Eu me encontrei admirado com os detalhes, acabamentos e beleza; mas também me encontrei com uma certa sensação de receio das mesmas porque passam uma sensação um tanto assustadora. Seria a mescla entre o belo* * e o grotesco* *?!

La Bottega dei Mascareri

La Bottega dei Mascareri

Medico della Peste

 Encontrei algo que – há um bom tempo – já me deixava muito curioso sobre a história enquanto caminha por San Polo: o médico da peste, na forma de um grande manequim e outras várias marionetes! Este foi um médico que tratava da peste negra em cidades com muita incidência da epidemia. Muitas vezes eram conhecidos por direcionar os pacientes a um falso tratamento ou cura e normalmente não eram médicos experientes ou treinados; e muitas vezes também eram jovens profissionais buscando estabelecimento na carreira. E o motivo destas máscaras e roupas?! Estas serviam de proteção contra o ar fétido que era considerado como o causador da doença; muito usada entre o século 17 e 18 com apenas dois orifícios perto das narinas. O visual sombrio dos trajes e da história me chamam muito a atenção!


DORSODURO/ACCADEMIA // AGITADO – CAIS DE PEDRA – GRANDE CANAL

 Um bairro com muita influência artística e com uma ótimo vista pra o grande canal. Por ali existe a Collezione Peggy Guggenheim – um museu que se encontra também no grande canal e teve sua inauguração em 1951 no Palazzo Venier dei Leoni. Peggy* foi uma das colecionadoras com maior destaque no século XX; foi ex-esposa de Max Ernst* (um importante artista do movimento surrealista) e o acervo inclui obras de Picasso, Salvador Dalí, Magritte e até mesmo de Pollock!
 Também conheci a Basilica di Santa Maria della Salute; construída por volta de 1630 aos arredores da Punta della Dogana (esta é uma área triangular que divide o Grande Canal e o Canal de Giudecca) e possui o estilo barroco*. Para ir ao famoso bairro de San Marco, basta passar pela bela Ponte della Accademia!

Ponte dell'Accademia

Basilica di Santa Maria della Salute


SAN MARCO // CENTRAL – GRANDE CANAL – FESTIVO

 Acredito que seja o bairro mais movimentado de Veneza já que está no coração da cidade. Aqui se tem a maior praça veneziana – tendo muita beleza e unidade esteticamente arquitetônica – e é a única que esta denominação porque as outras são chamadas de "campo".

Piazza San Marco

 A Basilica di San Marco* é a principal igreja de Veneza; inicialmente foi construída em 832 e os restos mortais do padroeiro de Veneza – São Marcos Evangelista – foram trazidos da cidade de Alexandria à basílica  por mercadores venezianos. Sua construção da sua versão atual teve início em 1063 com conclusão em 1617, sendo também um marco da presença do estilo bizantino* por ali. A maior expressão desta arte é a utilização dos mosaicos; tendo também a criação de ícones – pinturas sacras – geralmente realizados em madeira; outro grande exemplo inovativo era criação de várias cúpulas.
 Ainda na praça se encontra a Torre dell'Orologio ("Torre do Relógio"); foi construída entre 1496 e 1499 e é um importante edifício da arquitetura renascentista* * – esta é ligada a uma nova visão empírica, científica em relação ao homem e a natureza; também focada ao revalorização da racionalidade (humanismo) e da arte da antiguidade clássica (classicismo). A parte central do relógio é feita de ouro e esmalte azul e mostra apenas o horário; mas também o dia, as fases da lua e os signos!
 Enfim, o Palazzo Ducale é o marco do estilo gótico* veneziano; com construção entre 1309 e 1424 e era a antiga sede do Doge de Veneza (algo como o dirigente máximo da República de Veneza). O gótico italiano* é um pouco diferente daqueles de origens francesas, inglesas ou alemãs porque ainda não se desprende de influências de algumas tradições da arte romana, bizantina ou clássica; por exemplo, o estilo italiano resistiu contra a eliminação de paredes densas pelas quais eram trocadas por vitrais e rosáceas.

Torre dell'Orologio e a Basilica di San Marco



CASTELLO // PARQUES – JARDINS – SERENIDADE

 Não sobrou muito tempo para visitá-lo durante o dia e conhecer o ambiente calmo com os belos jardins da Bienal de Veneza; que é uma referência no cenário das artes contemporâneas. Por outro lado, conhecemos à noite o Laboratorioccupato Morion: é uma espécia de centro social onde é um edifício geralmente é ocupado para que sirva como um local de atividades alternativas ligadas à cultura, artes (e também ofícinas), política, música e afins. Foi muito legal e diferente porque estava tocando jazz, soul e outras músicas não muito "populares" (tocou até Etta James! <3) ; também tinha um espaço com pebolim – seria totó ou futebol de mesa?! – uma estante com livros e um homem lendo atentamente enquanto a música rolava! Ele nem sequer esboçava nenhum sinal de desaprovação sobre ter gente gritando ou jogando ao lado dele.
 O importante ali era a diversão e o lugar me pareceu de uma energia muito positiva; era uma certa união juvenil compartilhando da mesma vontade de mudanças e do preenchimento cultural neles mesmos.

Venezianos e estrangeiros; entre o pebolim e os livros no Laboratorioccupato Morion.

As politizadas paredes do Laboratorioccupato


MURANO // ARTESANATO EM VIDRO – TRANQUILIDADE – LONGE DO CENTRO

O segundo dia ficou reservado para visitar a ilha de Murano. Já que é preciso pegar um vaporetto porque se encontra mais distante das ilhas centrais, decidimos partir para lá mais cedo para que desse tempo de voltarmos sem perder o nosso ônibus de volta a Turim. Murano é uma ilha muito tranquila e com a tradição da produção de artesanato em vidro a sopro. É uma delícia caminhar por lá sem todo aquele movimento de turistas para admirar as ruelas e casas do local; também tem a Torre do Relógio e o Farol de Murano. Além disto, pudemos assistir gratuitamente às demonstrações de artesanato em uma fábrica chamada Ellegi Glass. Foi muito interessante ver a destreza e habilidade do artesão na criação! Por exemplo, ele nos demonstrou o desenvolvimento de um cavalo e tinha um pouco mais de 1 minuto para terminá-lo; se não, teria de refazê-lo totalmente (ao contrário de vasos porque se pode reaquecer somente uma parte e então corrigi-la).

Nas proximidades do Farol de Murano
  

 

  

 
Ainda tenho muito para conhecer desta sereníssima. Não deu tempo de visitar a ilha de Burano, Lido (conhecida pelas praias) e – quem sabe – um dia visito a assombrada ilha de Poveglia?!

Até mais! :)