[6 on 6] Roma


 Fevereiro chegou e com este um relato sobre o que aconteceu entre o fim do ano passado e o começo deste: um réveillon em Roma! Também, finalmente um 6 on 6 na data certa e juntamente de uma boa notícia porque hoje fiz o meu teste de italiano de fim de semestre. A querida professora Elena o corrigiu hoje mesmo – que rápida! – e fui aprovado! Isto é algo maravilhoso já que eu a minha experiência acadêmica com o design na PoliTO; apesar dos meus esforços, não tem sido uma das melhores.
 Deixando as burocracias de lado, passei 4 dias na famosa "Cidade eterna" sendo do dia 29 de dezembro ao dia 1° de janeiro. Usei o roteiro do Blog Rumo que conta com muitas dicas interessantes para turistar com esta quantidade de dias.
 As minhas primeiras paradas foram o Coliseu, junto ao Arco de Constantino e o Monte Palatino e estes são superpróximos entre si. O melhor deste dia foi o truque usado por mim e meus amigos: "furamos" a fila para entrar no Coliseu! Mas não foi realmente algo ilegal já que o segredo está em comprar os ingressos na bilheteria do Fórum Romano e do Paladino; além destes, vale para o Fórum Romano, Coliseu e também é possível reutilizá-lo no dia seguinte! Mas não poderá revisitar um mesmo ponto no dia seguinte.

Fórum Romano
 O Fórum Romano foi o centro da vida pública e comercial da Roma imperial – também conhecido como Forum Magnum – onde aconteciam cerimônias triunfais, eleições, discursos públicos, processos criminais e contava também com vários confrontos entre gladiadores. Atualmente se encontram muitas ruínas e escavações arqueológicas e o local já foi considerado o ponto de encontro mais conhecido do mundo em toda a história!

Piazza San Pietro

 No segundo dia (além do Castel Sant'Angelo) visitei a Piazza San Pietro* onde fica o Vaticano! Foi projetada por Bernini*, no século XVII, possuindo o estilo clássico mas com algumas adições do estilo barroco. O seu estilo clássico pode visto pela coluna que enfeita a entrada para a basílica que está envolvida por uma grande área oval; por outro lado, o  estilo barroco está representando no próprio espaço oval característico da praça e é um aspecto da contrarreforma. Dentro da basílica se encontra o Baldaquino da Basílica de São Pedro* – feito de bronze dourado – tendo as suas 4 grandes bases de mármore trabalhas em espirais e foi criado para o altar papal acima do Túmulo de São Pedro. Aqui se encontra um ótimo exemplo de toda a complexa energia barroca!

Baldaquino da Basílica de São Pedro
 O terceiro dia foi completamente movimentado e cheio de visitas às igrejas. Neste percurso, passei pela Basilica Santa Maria Sopra Minerva, Chiesa di Sant’Ignazio e Chiesa Santa Maria della Vittoria. Nesta última igreja se encontra a escultura de "O Êxtase de Santa Teresa"*; feita por Bernini entre 1647–1652 e é um marco do estilo barroco. A obra está em um nicho de mármore e bronze representando a experiência dívina de Santa Teresa de Ávila transpassada por uma seta por um anjo e sua beleza vem através do uso da iluminação e da fidelidade da escultura porque Bernini aplicava o uso de corpos alongados e de gestos expressivos. Além disto, foi uma ótima oportunidade de tirar uma foto ao lado desta incrível obra vestindo uma camiseta – que comprei muito tempo antes do intercâmbio – ilustrada a expressão facial da santa!

"O Êxtase de Santa Teresa", foto por Rodrigo Bastos.
 Também neste dia, conheci a famosa Fontana di Trevi e tive muita sorte porque foi reaberta há pouquíssimo tempo depois de ter sido reformada. É a maior e mais ambiciosa construção de fontes barrocas da Itália (com aproximadamente 26 metros de altura e 20 metros de largura) e foi construída em 1796. A fonte se encontrava no cruzamento de três estradas, marcando o ponto final do Acqua Vergine, um dos mais antigos aquedutos que abasteciam a cidade de Roma. No ano 19 a.C., supostamente ajudados por uma virgem, técnicos romanos localizaram uma fonte de água pura a pouco mais de 22 quilômetros da cidade e a cena é representada em escultura na própria fonte.

AQVAE VIRGINIS
O meu último dia em Roma se resumiu em visitar a Villa Borghese. Foi um ótimo dia porque não estava fazendo muito frio e fizemos um passeio de bicicleta com os amigos. Porém, como o desafio do 6 on 6 é escrever com 6 fotos, eu deixo um pouco de experiência deste dia no instagram, haha.

Até mais!

Memórias analógicas: Juice Camera & Kodak

http://www.fuuvi.com/products/juicecamera.html

 Coisas boas sempre voltam! Com isto, esta velha e querido tema volta com atualizações de alguns anos de atraso porque levei muito tempo para terminar alguns rolos; para publicar cada foto no meu flickr ou para digitalizá-los porque eu mesmo faço desde que comprei um escâner com suporte para digitalização de negativos (tenho de dizer que isto é bem trabalhoso!).
 Quando eu realmente pensei que já tivesse passado do momento certo de escrever sobre as boas experiências que estes rolos puderam me passar – vieram outros rolos de filme e assim o acúmulo era ainda maior – então notei que já tinha conteúdo do fim de 2013; do ano de 2014 e 2015 inteiros! Não poderia esperar ainda mais!

White streets; dark fields.
Rua São Francisco perdida em algum 2013.
Já inexistente

Começando pela a Juice Camera – que são toycameras com formato de caixinhas de suco – e a minha se chama Yum Yum Mjölk porque tem sabor de leite! Gosto muito dela porque por ter lente de plástico e me lembrar muito o resultado das fotos feitas com a Diana Mini/F+ (porém a Juice não tem opção de flash) e também porque involuntariamente já se consegue vários e suaves vazamentos de luz.  Essa pequena consegue trazer uma certa poesia visual às fotografias sem precisar de muitos esforços!
 As fotos se dividem entre fim de 2013 – quando comecei a fazer aulas de italiano aos sábados de manhã – e vários momentos de criatividade de 2014. Passar pela rua São Francisco de manhã para ir ao curso era algo que me motivava depois de ter acordado cedo e então eu não poderia deixar de registrar algum momento deste. Sem falar do restaurante chamado "O Brasilino" – que coloria a rua com o seu simples charme – mas que infelizmente fechou as portas e deu lugar a um pub de tamanho maior depois da rua se tornar muito popular.

Tutto è pieno di amore (solo non l'hai ancora ricevuto)
Minha querida irmã, Sabrina, servindo mais uma vez como modelo. <3
Reminiscência

 Com fotos que eu nem mesmo sabia que já tinha tirado há tanto tempo assim, eu trago as lembranças de uma manhã de julho de 2014 pelos arredores da minha rotina em Pinhais. Este ensaio foi uma ideia desejada pelo meu irmão para um projeto musical dele – chamado Leco London – mas reunir todos os integrantes com um horário nada convidativo não era uma tarefa assim tão rápida.
 Em um certo dia de domingo, depois de conseguir combinar com todos, acordamos com esforço às 7h30 e percorremos através as ruas do nosso bairro, ruas do município e terrenos próximos ao terminal de ônibus. Foi algo muito bom ver o frio e a neblina sumirem para que o sol pudesse tomar conta do dia. Com certeza foi uma manhã memorável e qualquer traço de sono não importava mais porque valeu muito a pena! Neste divertidos momentos, eu usei a Juice Camera e também a minha velha e guerreira Kodak KB10 para fazer aquelas duplas exposições que gosto tanto! <3

/ humble warmth of the sun /

(Emaranhar)

/doˈmenika/ /matˈtina/

"I miss the Village Green"

My baby doesn't care 'bout holidays

 E destes rolos de filme, a mais recente é do dia 1° de maio de 2015. Minha querida irmã, Sabrina, posa para as minhas analógicas lembranças e adoro fotografá-la! Foi um ótimo período porque já estava um tanto recuperado da minha cirurgia ortognática e porque adoro esses ensaios com a minha irmã (aliás, um beijo enorme! Sinto saudades!).

 Enfim, posso afirmar com felicidade que mais um filme está para ser terminado e neste vão aparecer lembranças de lugares que percorri neste intercâmbio!

Abraços!

[6 on 6] Luci d'Artista: Turim iluminada

A instalação "Piccoli Spiriti Blu" no Monte dei Cappuccini

 Turim está mais bonita e iluminada desde o fim de outubro até o dia 10 de janeiro. Qual é motivo de tudo isto? É o projeto Luci d'Artista ("Luzes dos Artistas") que traz projetos de instalações nas iluminações públicas nos tempos de festividades natalinas. Neste ano de 2015 que mal acabou – e que ainda deixa a sensação que não é 2016 para que nos confundamos ao falar – foram desenvolvidas 20 obras e emprestadas outras 2 da cidade de Salerno; o projeto nasceu em 1998 e conta com vários artistas italianos e também estrangeiros. É muito legal caminhar durante estas noites frias e admirar a beleza de cada uma delas porque faz de Turim um museu ao ar livre!

 A instalação que está no Monte dei Cappuccini (uma colina por volta de 283 metros onde se pode ter uma maravilhosa vista da cidade) é a chamada "Piccoli Spiriti Blu" ou "Pequenos Espíritos Azuis" e pela artista alemã Rebecca Horn. O que deixa a instalação ainda mais curiosa é que os pequenos círculos se entrelaçam com as névoas de inverno que saem do Rio Pó; deixando as formas esfumaçadas para que finalmente virem estes pequenos espíritos sobre nossas cabeças.


  As constelações e planetas mostram as suas formas pelas ruas mais movimentadas do centro com "Planetario" na famosa Via Roma – onde tem várias das famosas grifes e demais lojas como H&M, Zara e Apple Store – feita por Carmelo Giamello e "Palomar" feita por Giulio Paolini e está na Via Po. É muito gostoso de se caminhar no fim da tarde de encontrar essas estrelas combinando com as cores do céu!

"Luì e l’arte di andare nel bosco" na Via Garibaldi (foto por Rodrigo Bastos)

"Volo Su..." de Francesco Casorati na Via Pietro Mica e também na Via Cernaia (foto por Rodrigo Bastos)

"My Noon" de Tobias Rehberger na Piazza Palazzo di Città (foto por Rodrigo Bastos)
 Outra rua movimentada pelas suas lojas, artistas de rua e também tendas de artesanato é a Via Garibaldi e por lá se encontra da instalação "Luì e l’arte di andare nel bosco" do artista Luigi Mainolfi e conta a história de um livro do mesmo nome do qual o personagem – Luì Il Matto (Luì, o louco")  – consegue encontrar uma criança perdida no Bosque Silencioso e durante sua aventura aprende a língua das formas, dos sons, do silêncio e das cores! A história é uma metáfora sobre a arte como forma de segurança e refúgio; é um incentivo a explorar às paisagens e o seu potencial sensorial!
 Os pássaros decorando a cidade com fitas vermelhas é a obra "Volo Su..." criada por Francesco Casorati; e como descreve o título, é um belo "voo sobre" a cidade porque ao se ver de longe, os passarinhos parecem ter um suave movimento que os faz parecer que estão percorrendo por todas as ruas. Por último, "My Noon"; do artista alemão Tobias Rehberger, está na Piazza Palazzo di Città onde se encontra a sede do município de Turim; também se pensa que já tenha hospedado o fórum romano e na idade média era a praça mais importante da cidade porque ali se encontrava o mercado; com duas divisões chamadas de Piazze delle Erbe ou Praça das Erva (destinada para vender hortaliças) e a Piazza del Grano ou Praça do Grão (para vender grãos).

  Como o projeto tem sua edição a cada ano, este é um bom motivo para caminhar e conhecer ainda mais a cidade nos tempos natalinos.

 Espero que tenham gostado! :)

Meu 2015 musical


 Enfim as correrias das festividades de fim de ano passaram e já estamos no início de outros afazeres e agitações cotidianas. Escrever sobre um ano musical – e tentar resumir cada mês em uma música – não é uma tarefa fácil! Preciso dizer que sempre tendi ao lado saudosista e com isto fico mentalmente definindo aspectos de cada ano que se passou com uma música, um filme, um livro ou qualquer outro jeito de associação; mas realmente nunca tinha feito uma lista.

 Eu descrevo 2015 como um ano de "espera". Foi o aguardo por resultados de processos – alguns angustiantes porém todos cheios de esperança – do ano anterior e da metade do retrasado porque foi o ano em que realizei uma cirurgia ortognática * * (com o objetivo de corrigir o posicionamento dos ossos da minha mandíbula e maxila) e também me recuperar a tempo de partir para o meu atual intercâmbio na Itália.
 A música estava ainda mais forte na minha rotina já que fiquei um grande tempo me recuperando em casa e a ansiedade por tudo que ainda estaria por vir me trazia inspiração de algum modo. Nesta retrospectiva, também, o desafio foi não colocar muitas músicas de Björk porque ela foi a maior definição do meu ano pois foi uma redescoberta – que já tinha começado no fim do ano de 2014. Era uma das artistas que no meu interior eu sabia que entraria me apaixonaria pelo seu mundo artístico. Posso afirmar que foi assim! Tanto é que realizei um projeto acadêmico que eu mais adorei desenvolver e me orgulho do resultado; o Björk's Post 20th Anniversary, em que consistiu na transcrição de mídia do álbum Post (1995) em uma série animada com enredo, ilustrações e outras referências. Mas retorno a falar deste querido projeto quando retomar a tag #Sketchbook pois tenho coisas antigas para mostrar e novas para criar!

Bem, que venham as músicas!


JANEIRO
"Travel Light" – The Dø (2008)



"I got something in my head like a lion in a cage starving wild-
And I’ve ran out of meat
Something in my head something crawling like a snake
in my bed made me rip off my sheets"

 No primeiro mês do ano fui apresentado por um amigo a esta banda francesa e que foi criada em 2005. "Travel Light" está no álbum "A Mouthful" de 2008, com uma pegada indie pop e folk rock de um jeito muito suave. A música fala sobre algo que está dormente em sua cabeça e que se está com receio de acordá-la; também fala daquele profundo sentimento – que muitas vezes incomoda – que lhe faz querer correr e mudar o próprio mundo. É uma luta introspectiva estando sozinho em uma selva ("[...] an awkward situation trying to fight the jungle alone") mas que de qualquer modo é preciso persistir caso queira viajar tranquilamente.
 Esta é a abertura do meu 2015 porque aparece como um meio de saudar a inspiração e esperar pela chegada dos tão ansiosos objetivos. Neste mês também enviei minhas cartas de motivação para o Ciência sem Fronteiras com a escolha de três cidades italianas para morar e também voltei com a fazer desenhos e pinturas.



FEVEREIRO
"There She Goes" – Sixpence None the Richer (1999)



"There she goes
There she goes again
Pulsin through my veins
And i just can't contain
This feeling that remains"

 Foi um mês tranquilo e também criativo porque pratiquei bastante técnicas artísticas. Fiz uma ilustração em aquarela da Duffy; postei no instagram e recebi resposta dela! Também, foi o mês em que eu e uma das minhas melhores amigas, a Maya Rondanini, ficamos viciados na vibe 90s do Sixpence None the Richer e "There She Goes" me faz lembrar muito dela. Esta música me dá vontade de dançar loucamente em meio à multidão com a Maya sem ligar para o resto do mundo (e isto, consequentemente, me vêm à cabeça cenas de "As Vantagens de Ser Invisível". No fim de fevereiro voltei às aulas da universidade e este era para ser o meu último ano – com o monstro do TCC – caso eu não tivesse vindo para Turim.




MARÇO

"Life on Mars?" – David Bowie (1971)



"But her friend is no where to be seen
Now she walks through her sunken dream
To the seats with the clearest view (...)"

 Um dos meses mais ansiosos e também com queridos momentos. Aqui comecei a frequentar mais vezes a rua São Francisco, em Curitiba, com alguns novos amigos e aproveitando melhor as minhas noites de sábado; na metade do mês eu fui a um evento chamado Volcano #3 com as bandas O Terno; Ruído/mm e Tods. Foi uma noite muito legal porque estas saídas aos eventos e lugares mais alternativos sempre ficam guardadas como algo bom na minha memória! Mas o momento mais esperado ainda estava por vir: a cirurgia ortognática que foi marcada para o dia 24 de março às 7h00min. Sempre me lembro de tê-la escutado – tanto no dia anterior quanto em algumas horas antes da cirurgia – junto com "There She Goes".
  "Life on Mars?" me apareceu enquanto estava começando a assistir a quarta temporada de American Horror Story – que por sinal não terminei de assistir – e me trouxe de volta o fascínio em David Bowie e agora na versão de Jessica Lange. A música fala sobre a reação de uma sensível garota em relação à mídia, suas emoções e o desejo de escapar das deprimentes restrições do mundo real; mas ainda há esperança – ainda que mínima – para se esquecer dos problemas. Assim, "Life on Mars?" me preencheu com a apreensão de um problema que me incomodava há um bom tempo e que logo estaria por acabar (apesar do período pós-operatório também não ser nada fácil).



ABRIL

"Wandering Star" – Portishead (1994)



"Wandering stars, for whom it is reserved
The blackness of darkness forever"

Entre este mês e o próximo, eu estive curtindo bastante a vibe 90s do triphop –  ainda mais incrementadas com as dicas de álbuns de trip hop do Miojo Indie – então não seria nada mais do que justo citar o Portishead e o sombrio álbum "Dummy". Este mês foi o mais difícil da minha recuperação da cirurgia porque não podia mastigar absolutamente nada por volta de uns dois meses e meio; sem falar no inchaço e outras dificuldades. A sensação era muito estranha e o meu rosto consequentemente estava muito sensível. Apesar de "Wandering Star" ser uma música que retrata claramente sobre depressão, tanto esta quanto o álbum todo me encantaram com os seu vocal e instrumental – como o uso do theremin * em "Mysterons" – e também esta atmosfera etérea e nebulosa me chamaram muito a atenção.



Dois dias em Veneza

Em algum canal de Santa Croce
  E então a oportunidade de visitar Veneza me apareceu com mais uma dessas promoções com preços irresistíveis! E desta vez não poderia perdê-la de jeito nenhum, já que ida e volta deram o total de €5 de ônibus! Foram um pouco mais de 5h45min de viagem mas posso afirmar que o percurso foi muito agradável e quentinho (um viva ao sistema de aquecimento!) e fiquei por lá do dia 11 ao dia 12 de dezembro.
  Para que a viagem ficasse ainda melhor, consegui um couchsurfing (a tradução seria próxima à "surfe de sofá"; mas em outras palavras, hospedagem gratuita) com o pessoal do edital de Veneza e já conheci metade deles no apartamento (porque só tem 10 pessoas do Ciência sem Fronteiras vivendo por lá) e foram todos muito solícitos e simpáticos! Eles moram em Mestre, uma cidade ao lado de Veneza e essa é muitas vezes considerada como parte ou um bairro da cidade. Por outro lado, passei pelo maior frio que eu senti até agora por lá! Ainda que eu estivesse bem vestido para o frio, isto não foi o suficiente. ç.ç

Mapa do roteiro de bairros visitados

 Eu e minha amiga This visitamos 7 bairros e fiz um pequeno roteiro a partir das dicas do guia de bairros de Veneza que encontrei no site da Airbnb. Conhecemos Santa Croce; San Polo; Dorsoduro/Accademia; San Marco, Castello, Cannaregio e a ilha de Murano.
 Em Veneza é necessário caminhar muito, então tem de ir preparado para fazer muita caminhada e se perder nas vielas da cidade – o que não é muito difícil – mas garanto que é uma das graças da cidade! Para visitar as ilhas de Giudecca, Murano e Burano é necessário utilizar o Vaporetto que é uma embarcação que serve de um meio de transporte público. Já aviso que bilhete não é nada barato (custando €7,50) e caso opte pelo bilhete que dá acesso também aos outros transportes (ônibus que vão de Mestre a Veneza ou o bonde elétrico que liga a ilha de Tronchetto ao Piazzale Roma) pelo perído de 24 horas este custa €20. Bem, Veneza não é nada barata e até o McDonald's custa um pouco acima do normal. ;p

Santa Croce


SANTA CROCE // ARTESANATO – GRANDE CANAL

 
Este foi o primeiro bairro em que começamos a percorrer porque é ao lado do Piazzale Roma – onde é o terminal de ônibus e o limite do transporte terrestre – também ao lado da ilha de Tronchetto (onde geralmente é a parada de ônibus de turismo e estacionamento) e dá para se acessar o bairro de Cannaregio pela Ponte della Costituzione (aquela bem moderna, polêmica* e um tanto escorregadia porque tem partes de vidro). É um canto com muito muitos canais, cafés agradáveis e quiosques vendendo artesanatos e máscaras. Os lugares que me interessam ali foram o palácio Ca' Pesaro, o Fontego dei Turchi (sede do Museu Civico de história natural) e a Igreja de San Stae.

Santa Croce


SAN POLO // ARTESANATO – CAFÉS – QUIOSQUES

 
É aqui onde está a igreja mais antiga da cidade; a igreja San Giacomo di Rialto, também a famosíssima Ponte di Rialto mas infelizmente estava em reformas e não podemos vê-la muito bem. Em compensação, passamos um tempo pelo praça Campo San Polo onde estava tendo uma feira e também pista de patinação; com muitas crianças se divertindo por lá.

This e frio durante o fim de tarde

Feira natalina no Campo San Polo

  E também foi em San Polo que encontramos algumas lojas de máscaras surpreendentes e macabras! Uma delas foi a La Bottega dei Mascareri (S. Polo 2720) e é muito famosa porque alguma de suas máscaras já apareceram em muitos filmes – como "Eyes Wide Shut" de Stanley Kubrick – livros e também tem várias fotos de muitas celebridades com algum produto ou com os donos.
 A sensação de admirar as máscaras é um tanto confusa e irônia. Eu me encontrei admirado com os detalhes, acabamentos e beleza; mas também me encontrei com uma certa sensação de receio das mesmas porque passam uma sensação um tanto assustadora. Seria a mescla entre o belo* * e o grotesco* *?!

La Bottega dei Mascareri

La Bottega dei Mascareri

Medico della Peste

 Encontrei algo que – há um bom tempo – já me deixava muito curioso sobre a história enquanto caminha por San Polo: o médico da peste, na forma de um grande manequim e outras várias marionetes! Este foi um médico que tratava da peste negra em cidades com muita incidência da epidemia. Muitas vezes eram conhecidos por direcionar os pacientes a um falso tratamento ou cura e normalmente não eram médicos experientes ou treinados; e muitas vezes também eram jovens profissionais buscando estabelecimento na carreira. E o motivo destas máscaras e roupas?! Estas serviam de proteção contra o ar fétido que era considerado como o causador da doença; muito usada entre o século 17 e 18 com apenas dois orifícios perto das narinas. O visual sombrio dos trajes e da história me chamam muito a atenção!


DORSODURO/ACCADEMIA // AGITADO – CAIS DE PEDRA – GRANDE CANAL

 Um bairro com muita influência artística e com uma ótimo vista pra o grande canal. Por ali existe a Collezione Peggy Guggenheim – um museu que se encontra também no grande canal e teve sua inauguração em 1951 no Palazzo Venier dei Leoni. Peggy* foi uma das colecionadoras com maior destaque no século XX; foi ex-esposa de Max Ernst* (um importante artista do movimento surrealista) e o acervo inclui obras de Picasso, Salvador Dalí, Magritte e até mesmo de Pollock!
 Também conheci a Basilica di Santa Maria della Salute; construída por volta de 1630 aos arredores da Punta della Dogana (esta é uma área triangular que divide o Grande Canal e o Canal de Giudecca) e possui o estilo barroco*. Para ir ao famoso bairro de San Marco, basta passar pela bela Ponte della Accademia!

Ponte dell'Accademia

Basilica di Santa Maria della Salute


SAN MARCO // CENTRAL – GRANDE CANAL – FESTIVO

 Acredito que seja o bairro mais movimentado de Veneza já que está no coração da cidade. Aqui se tem a maior praça veneziana – tendo muita beleza e unidade esteticamente arquitetônica – e é a única que esta denominação porque as outras são chamadas de "campo".

Piazza San Marco

 A Basilica di San Marco* é a principal igreja de Veneza; inicialmente foi construída em 832 e os restos mortais do padroeiro de Veneza – São Marcos Evangelista – foram trazidos da cidade de Alexandria à basílica  por mercadores venezianos. Sua construção da sua versão atual teve início em 1063 com conclusão em 1617, sendo também um marco da presença do estilo bizantino* por ali. A maior expressão desta arte é a utilização dos mosaicos; tendo também a criação de ícones – pinturas sacras – geralmente realizados em madeira; outro grande exemplo inovativo era criação de várias cúpulas.
 Ainda na praça se encontra a Torre dell'Orologio ("Torre do Relógio"); foi construída entre 1496 e 1499 e é um importante edifício da arquitetura renascentista* * – esta é ligada a uma nova visão empírica, científica em relação ao homem e a natureza; também focada ao revalorização da racionalidade (humanismo) e da arte da antiguidade clássica (classicismo). A parte central do relógio é feita de ouro e esmalte azul e mostra apenas o horário; mas também o dia, as fases da lua e os signos!
 Enfim, o Palazzo Ducale é o marco do estilo gótico* veneziano; com construção entre 1309 e 1424 e era a antiga sede do Doge de Veneza (algo como o dirigente máximo da República de Veneza). O gótico italiano* é um pouco diferente daqueles de origens francesas, inglesas ou alemãs porque ainda não se desprende de influências de algumas tradições da arte romana, bizantina ou clássica; por exemplo, o estilo italiano resistiu contra a eliminação de paredes densas pelas quais eram trocadas por vitrais e rosáceas.

Torre dell'Orologio e a Basilica di San Marco



CASTELLO // PARQUES – JARDINS – SERENIDADE

 Não sobrou muito tempo para visitá-lo durante o dia e conhecer o ambiente calmo com os belos jardins da Bienal de Veneza; que é uma referência no cenário das artes contemporâneas. Por outro lado, conhecemos à noite o Laboratorioccupato Morion: é uma espécia de centro social onde é um edifício geralmente é ocupado para que sirva como um local de atividades alternativas ligadas à cultura, artes (e também ofícinas), política, música e afins. Foi muito legal e diferente porque estava tocando jazz, soul e outras músicas não muito "populares" (tocou até Etta James! <3) ; também tinha um espaço com pebolim – seria totó ou futebol de mesa?! – uma estante com livros e um homem lendo atentamente enquanto a música rolava! Ele nem sequer esboçava nenhum sinal de desaprovação sobre ter gente gritando ou jogando ao lado dele.
 O importante ali era a diversão e o lugar me pareceu de uma energia muito positiva; era uma certa união juvenil compartilhando da mesma vontade de mudanças e do preenchimento cultural neles mesmos.

Venezianos e estrangeiros; entre o pebolim e os livros no Laboratorioccupato Morion.

As politizadas paredes do Laboratorioccupato


MURANO // ARTESANATO EM VIDRO – TRANQUILIDADE – LONGE DO CENTRO

O segundo dia ficou reservado para visitar a ilha de Murano. Já que é preciso pegar um vaporetto porque se encontra mais distante das ilhas centrais, decidimos partir para lá mais cedo para que desse tempo de voltarmos sem perder o nosso ônibus de volta a Turim. Murano é uma ilha muito tranquila e com a tradição da produção de artesanato em vidro a sopro. É uma delícia caminhar por lá sem todo aquele movimento de turistas para admirar as ruelas e casas do local; também tem a Torre do Relógio e o Farol de Murano. Além disto, pudemos assistir gratuitamente às demonstrações de artesanato em uma fábrica chamada Ellegi Glass. Foi muito interessante ver a destreza e habilidade do artesão na criação! Por exemplo, ele nos demonstrou o desenvolvimento de um cavalo e tinha um pouco mais de 1 minuto para terminá-lo; se não, teria de refazê-lo totalmente (ao contrário de vasos porque se pode reaquecer somente uma parte e então corrigi-la).

Nas proximidades do Farol de Murano
  

 

  

 
Ainda tenho muito para conhecer desta sereníssima. Não deu tempo de visitar a ilha de Burano, Lido (conhecida pelas praias) e – quem sabe – um dia visito a assombrada ilha de Poveglia?!

Até mais! :)

[6 on 6] Edifícios Turinenses

Via Cesana
 Tudo bem, o sexto dia do mês já passou tem um certo tempo mas esta publicação veio em tempos um tanto caóticos. Primeiro, porque tive de estudar para três provas e apesar de todas serem extremamente teóricas – uma delas era ainda mais e não sobrou muito tempo para pensar em qualquer coisa que não fosse estudar – e de qualquer modo ainda não sei se fui muito bem devido a algumas confusões mentais, tsssssc.
 Bem, falar sobre os edifícios de Turim para o 6 on 6 de dezembro é realmente difícil porque são tantas influências e derivações do mesmo tema que se torna uma confusão para escolher quais fotos colocar! Desta vez decidi me focar nos edifícios ou apartamentos mais "cotidianos" – mas não quer dizer que não sejam grandiosos – sendo que estes não podem ser descritos como simples porque possuem uma grande complexidade e ornamentação.
 Em Turim existe exemplos que partem do barroco*, neoclassicismo*, ecletismo*, art nouveau (liberty)*, racionalista* ao estilo contemporâneo*.

Esquina entre Corso Stati Uniti e Corso Duca degli Abruzzi

A cidade tem forte presença do Art Nouveau* (ou Liberty) e é considerada como "a capital italiana do Liberty"* já tinha aparecido aqui no blog antes na publicação sobre "Decoração Art Nouveau". O estilo está perto do conceito de Artes Aplicadas – o que tem a ver com a arquitetura, principalmente com as artes decorativas, design e também incluindo artes gráficas/impressas. Esta "Nova Arte" vai ao contrário das tendências da época (em um momento do qual tendia aos materiais cada vez mais industrias e esteticamente voltada ao essencial, minimalista e angulosamente reto) e parte para acabamentos com forte inspiração na natureza e suas formas; com muitas linhas sinuosas, ornamentação florais e de animais, arabescos e curvas. O estilo retoma uma certa união conceitual entre arte e indústria para que possa entrar no ritmo da nova e veloz vida cotidiana.

Esquina entre Via Magenta e Corso Duca degli Abruzzi

Casa della Vittoria ou Casa dei Draghi (Corso Francia, 23)

Este edifício acima é a Casa della Vittoria* (chamada também de "Casa dei Draghi"*; em português "Casa dos Dragões") e é um marco para o estilo neogótico (e também eclético) da cidade. A residência se localiza no bairro Cit Turin – onde eu moro – foi construída em 1918 e concluída em 1920 pelo engenheiro Gottardo Gussoni como uma forma de celebração da retomada econômica no setor de construção civil depois do período da primeira guerra mundial.

 Em suas referências arquitetônicas, este é neogótico porque faz referência ao Revivalismo Gótico* (movimento artístico por volta dos séculos XVII e XVII) e recupera a verticalidade das formas – o prédio é daqueles que precisamos nos curvar para apreciar cada detalhe! – a irregularidade das linhas de construção, com arcos redondos e  também grandes portais; gerando uma grande relação entre o construtivo e o religioso. Por outro lado, é também eclético* pois combina diferentes referências históricas sem que tenha a intenção de produzir um novo movimento ou estilo; em outras palavras, é a seleção das melhores qualidades com a intenção de realizar algo belo. Em sua fachada, tem esta frase que é relacionada à guerra:

"NEI MOMENTI PIU’ TORBIDI DEL DOPOGUERRA IL CAVALIERE DEL LAVORO GIOVAMBATTISTA CARRERA DI MAGNANO BIELLA COSTRUIVA QUESTO MONUMENTALE PALAZZO A RICORDO DELLA GRANDE VITTORIA ITALIANA
MCMXX"


"NOS MOMENTOS MAIS IMPUROS DO PÓS-GUERRA, O TRABALHADOR CAVALEIRO GIOVAMBATTISTA CARRERA DI MAGNANO BIELLA CONSTRUÍA ESTE MONUMENTAL EDIFÍCIO EM MEMÓRIA DA GRANDE VITTORIA ITALIANA
1920"
(numerais romanos)

Corso Giacomo Matteotti

Corso Giacomo Matteotti

Ainda estão por vir muito mais destes edifícios!

Arrivederci!

Pitchfork Music Festival Paris 2015

Grande Halle de la Villette

Este festival tão aguardado por mim chegou no dia 30 de outubro. Meses antes de acontecer, eu já tinha comprado o ingresso ainda no Brasil uns dias depois da anunciação de Bjork como atração principal deste dia. Na dúvida entre comprar ou não o ingresso naquele momento; decidi garanti-lo. Mas o que não poderia nunca esperar acontecer simplesmente aconteceu: ela cancelou tudo faltando apenas 4 shows para que ela terminasse a Vulnicura Tour e o Pitchfork era um deles!

Apesar da decepção e também revolta – já que este show me significaria muito porque musicalmente ela tem um enorme espaço no meu ano – optei por não pedir reembolso e esperar por alguma esperança dela reagendar a turnê ou até mesmo mudar de ideia (ok, isto nunca aconteceria). Felizmente, colocaram alguém que é considerado a alma gêmea musical* dela e também é alguém que eu gosto muito: Thom Yorke! Não poderia ser melhor! Com certeza foi uma substituição à altura!

No final de outubro, Paris me aguardava e cheguei até esta através do famoso ônibus de viagens low-cost – “baixo custo” – chamado Megabus. Foram mais ou menos 11h20min de viagem; saí de Turim no dia 29 de outubro, às 18h40min e cheguei no dia seguinte às 6h20min na estação de Bercy (contei com a ajuda da Rebeca, que também é uma intercambista daqui e estava no mesmo ônibus, para que eu pudesse pegar o metrô. Um grande obrigado!). Depois disto, desci na estação Pyrénées para me encontrar com o meu grande amigo Guto e enfim conhecer a cidade antes de irmos ao show; mas ficarão para uma próxima postagem sobre os pontos turísticos!



 
Fiquei hospedado por apenas uma noite no hostel St. Christopher’s Inn Canal e fica literalmente ao lado do canal de St. Martin. Uma visão mais do que bela! A localização – apesar de não ser no centro – é próxima aos arredores de Montmartre; das estações de metrô Crimée e Gare du Nord e é uma ótima escolha para conhecer um lado menos apertadamente turístico de Paris. Não tive do que reclamar sobre a estadia e sobre os serviços oferecidos porque eram de qualidade (Wi-Fi e café da manhã já inclusos) e todos os funcionários com os quais tive contato foram muito educados e prestativos; inclusive a recepcionista era brasileira e vive em Paris há uns 7 anos!

 A localização do festival era pertíssima de onde eu estava e este foi um dos motivos pelos quais eu escolhi ficar no St. Christopher’s. O Pitchfork Festival aconteceu no Grande Halle de la Villette*, localizado no Parc de la Villette*. Ambos são um grande local de atrações culturais, esportivas e sociais em um canto não muito visado pelos turistas. Caminhei durante a noite pelo canal e cheguei ao Grande Halle em uns 15 minutos.

A programação do dia 30 contava com artistas como Dornik; Rome Fortune; Health, Rhye; Kurt Vile & The Violators; Battles; Thom Yorke e por fim Four Tet. Quando cheguei por lá; por volta das 19h20min, a dupla canadense Rhye (composta por Mike Milosh e Robin Hannibal) estava tocando e são uma mistura de soul, R&B alternativo e groovy eletrônico de um modo melodicamente romântico! A dupla possui uma vibe um tanto tranquila; mas também passa por uma certa influência de “baladinhas” dos anos 80.



A apresentação de Thom Yorke foi apenas às 21h50min. Enquanto isto, eu, Guto e também os outros três amigos fomos conhecer melhor os entornos do festival. Para comprar comida e bebidas, era preciso comprar aquelas moedinhas típicas de eventos deste tipo. Apesar disto parecer levar um grande tempo de espera, tudo foi muito rápido e recebemos um bom serviço! Além disto, havia ambientes com poltronas para se sentar e também um quiosque com roupas, vinis, CDs e afins. Infelizmente eu não assisti muito dos outros dois shows seguintes – dos quais foram Kurt Vile & The Violators (às 20h00) e Battles (às 20h55) – porque o Grande Halle estava composto por 2 palcos de que os artistas tocavam se intercambiavam (para poder dar tempo de cada banda se organizar) e decidimos esperar naquele onde o Thom Yorke tocaria. Mesmo assim já tinha gente sentada ao chão; o que foi um tanto irritante, para que pudessem pegar aquela grade! O que me chamou a atenção no Battles foi o uso de ritmos tribais mesclados com uma voz um tanto “alienígena” e com a composição musical complexa – classificada muitas vezes como “Math Rock* – por usar dissonâncias, métricas incomuns e também ter influência de rock progressivo.



 
 Em pouco tempo o show estaria para começar e com isto estavam finalizando a montagem dos itens do palco. As configurações de tela e o número de contagem de cada telona aos poucos se tornavam projeções da marca do projeto Tomorrow’s Modern Boxes para aumentar ainda mais a ansiedade. Não fiquei longe do palco, mas a minha vontade era de ficar ainda mais perto! O ambiente possuía uma mescla entre empolgação, curiosidade e seriedade porque o público em sua maioria não era assim mais tão teen. Mas quem liga?! O ambiente estava mais do que agradável e totalmente propício para contemplações artísticas!

Por Vincent Arbelet


Eis que pontualmente o tão esperado Thom Yorke apareceu! Entre a euforia e os aplausos do público, ele subia ao palco serenamente. As projeções baseadas em linhas coloridas – feitas pelo artista Tarrik Barri – começavam lentamente a se adaptar às batidas; à voz suave e ao escuro para que tudo ficasse harmonicamente e introspectivamente etéreo enquanto o show começava com "The Clock", do álbum "The Eraser (2006)". O vocal trazia um grande envolvimento, muitas vezes nos trazendo fascínio; em outras, melancolia (mas nada distante daquilo que ele sempre propôs em seus projetos) e seu final ecoavam sons de pássaros unidos às vozes computadorizadas que me lembravam um tanto daquelas de “Fitter Happier”.


A música seguinte foi “A Brain in a Bottle” e é a primeira faixa do TMD. Os “pássaros” ainda continuavam a ambientar a atmosfera assim que os primeiros acordes de guitarra aos poucos apareciam; o que deixava o single ainda mais atraente por ter este detalhe a mais em relação àquele do estúdio. É uma das poucas e mais dançantes se baseando – de certo modo – em um desafio a Deus para que tenha uma conversa sem recuos; o que a faz ser docemente intrigante e envolvente! “Come out fighting back (in the dark)” (“Saia contra-atacando (no escuro)”) – Yorke relata sobre o quão difícil é lutar no escuro e contra algo desconhecido mas que ele consegue revidar.

Em “Guess Again” é curioso de se analisar como alterna entre a breve e tímida esperança do início, a dramaticidade das batidas e o temor encontrado em sua letra porque esta fala sobre todas os pesadelos e criaturas que – metaforicamente ou não – podem lhe encarar e também chutar a sua porta! Toda a inseguranças estão ali fora, no seu jardim, estão ao redor e “adivinha quem é?” que está tentando entrar na sua mente? Elas mesmas!


Das variações de frequência e relações líricas sobre a falta de piedade em um amor que está escoando das suas mãos aparece “Truth Ray” – uma calma canção apesar do conteúdo ser dolorosamente sobre a perda de tudo e remorsos internos. Também do álbum TMD foram tocadas “Pink Section” e “Nose Grows Some”.


 
As expressões dos expectadores ainda eram mansamente curiosas e admiradas sobre o que ainda poderia vir. Quando o show parecia ter acabado, todos vibraram com grande fervor – entre gritos, aplausos e encantamento – para agradecer a Thom Yorke pelo ótimo concerto e isto durou por mais de 5 minutos; também, se escutavam exclamações e trocadilhos como “Björk!” ou “Thom Björk!” – afinal poderia (ainda que mínima) existir a esperança dela aparecer. Ele finalmente volta com “Default” (do projeto Atoms for Peace) para fechar o ciclo daquela noite de uma maneira estranhamente dançante!

Por Vincent Arbelet

 
Acredito que tanto o show quanto Thom Yorke como expressão artística possam ser descritos como “esquisitos”, “reflexivos” e “introspectivos”. Talvez todos que lá compareceram estivessem sutilmente procurando algo como a união reflexiva na arte. Foi um ambiente totalmente propício para a troca de energias – onde Yorke nos mostrava as suas confissões, medos e esperanças para que pudéssemos também pensar nas nossas próprias – deixando na memória as lembranças de uma noite de envolvimentos. Descrevê-lo como “etéreo” também se encaixaria perfeitamente porque em muitos momentos eu tive a sensação de estar em um plano mais distante e inconstante... Foi de certo algo como voar!

Eu só tenho de agradecer pela experiência e também pela oportunidade de ter um grande amigo – o Guto – compartilhando da mesma energia. Saímos de Curitiba para explorarmos o desconhecido por nós em diferentes cantos da Europa neste intercâmbio e este vai além do academicismo para atingir outros meios. Posso afirmar que tudo foi maravilhoso!

Por Lelelerele Handmade




Para finalizar, espero que esta publicação simbolize possa trazer (mesmo que apenas verbalmente) coisas boas a cidade luz em relação ao atentado ocorrido recentemente. O Festival aconteceu há algumas semanas antes desta tragédia e poderíamos ter sofrido algo também. Que a cidade possa se reconstruir e o seu povo possa reviver!

(O setlist do show pode ser visto aqui)

Abraços!