Um ciclo se fecha

terça-feira, dezembro 27, 2016

Turim vista do Monte dei Cappuccini com o símbolo da cidade: a Mole Antonelliana

 Eu não poderia dar adeus a este ano sem dar um devido adeus ao ciclo que há alguns meses foi fechado. Voltei para a minha tão querida terra brasileira em agosto mas é inegável sobre o tanto que vivi em – quase – um ano distante (ou 11 meses para ser mais exato). Um ano que serviu de no mínimo uns 5. Um ano com a sensação de tantas vidas vividas em uma só.

 A definição para esse período foi aprendizado. Um aprendizado enorme; às vezes brusco; às vezes solitário mas nunca deixou de ser a junção de novas experiências buscando o autoaprendizado. Não vou dizer que tudo foi uma eterna maravilha ou totalmente fácil, ao menos de início, mas posso dizer que os sentimentos eram muito extremos. Era explodir de felicidade mas também chorar muito; é não querer voltar para aproveitar o que há lá fora ao mesmo tempo que a saudade batia forte por querer mostrar as novidades àqueles que ficaram.

 É ter me aproximado ainda mais da minha própria companhia e lidar entre o meu melhor e pior sentimento para reconstrui-los. É lidar com o meus medos e seguir em frente porque – apesar do apoio dos amigos – era eu por mim mesmo.  Mas também é criar grandes amizades com pessoas de perfis totalmente diferentes aos quais eu estava sempre acostumado.

Pizzas e um pseudo-lual na sacada da This

 Pude ver que era possível viajar para países em que não falava nada do idioma e nem mesmo tentando associar ao inglês; ou outra língua que eu fale, ajudasse a facilitar mas mesmo assim ter me virado muito bem e me divertido. O que dizer de visitar o leste europeu sem falar a língua dos anjos?! Eu e minha amiga Elly saímos vivos de lá e muito bem! Inclusive, ter conhecido esses cidades no verão foi algo ainda melhor e deixou tudo mais animador.

Pelas ruas de Praga, na República Tcheca.

 Tive sorte de morar com pessoas maravilhosas e organizadas. Consegui ter deixado a minha vida mais regrada e comido de um jeito mais saudável. Eu pude rever meus conceitos e afirmar que carne não era a parte mais essencial de uma refeição e aprendi a fazer,  tendo ainda mais gosto, pratos diferentes e vegetarianos. Um grande prazer meu era o de pegar os ingredientes que tinha na geladeira e inventar... e que saudades de fazer vários tipos de risotto!

"O Nascimento de Vênus (1483)" de Botticelli na Galleria degli Uffizi, em Florença <3

 Tive o imenso prazer poder ter visto pessoalmente as grandes obras da história da arte. Eu pude ver Picasso, Salvador Dalí, Mucha, Degas, Monet, Caravaggio e tantos outros. Quando mais eu poderia ir a Milão apenas para ver uma exposição do Alphonse Mucha ou ir à Londres ver as obras de William Morris? Poder ter ido ao Louvre ou à Galleria Degli Uffizi? Parece algo tão surreal saber que estive diante de tudo isto que tinha visto só nos livros e que as obras eram reais e absurdamente maravilhosas!

 Foi aprender a lidar amargamente com a quebra de expectativas. Vivenciar que nem sempre as pessoas são simpáticas e que a universidade escolhida não chegou nem aos pés da sua de origem; que há muito distanciamento entre professor/aluno ou que grande o tratamento cotidiano pode ter um jeito um tanto grosseiro. A gente só percebe que não é daquele lugar quando não entendemos o funcionamento de certos aspectos culturais porque estes não são nossos. Por outro lado, pude esquecer a mágoa do jeitinho italiano de ser ao conhecer os meus parentes distantes – que nunca tinha sequer falado com eles – e ter um tratamento tão acolhedor como se eu sempre tivesse estado ali. <3

 Dentre esse turbilhão de sentimentos; eu posso dizer que sobrevivi. Cresci, cresci e cresci muito.

 A única certeza que tive ao entrar no meu voo de partida foi que aquele que foi (com um certo medo) pra Itália não é aquele que voltou. Eu me abri ao mundo e o mundo se abriu a mim para que eu pudesse absorver e explorar o desconhecido.

 Este ciclo explorador e aventureiro pode ter se fechado neste ano mas suas marcas vão ficar eternamente em mim.

Um grande obrigado e que o próximo ano traga boas energias a todos nós. Feliz ano novo!

Até mais! :)

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